segunda-feira, 29 de outubro de 2012

GLOSSÁRIO DE TEATRO



A
Agon - termo da Comédia antiga (Aristófanes) para designar o diálogo central de um conflito entre inimigos. Hoje o termo é mais lato referindo-se ao ponto central de uma história ,ao coração de um drama.
Antagonista- Personagem em oposição ou em conflito. O caracter antagonista do universo teatral é um dos princípios essenciais da forma dramática.
Anti-herói - Personagem principal que não corresponde ás características ou aos valores do herói tradicional.
Antiteatro - Termo geral que designa uma dramaturgia e um estilo de jogo dramático que nega todos os princípios da ilusão teatral. O termo aparece nos anos cinquenta , nos começos do teatro do absurdo.
Antonomasia - Figura de estilo que substitui o nome de um personagem por uma perífrase ou por um nome comum que o caracteriza.( O homem da coragem ao vento- D.Quixote)
Aparte - Palavra ou expressão que o actor diz á parte para si, mas de maneira a entender-se no público.
Aforismo - Fórmula resumida que define um saber científico ou moral.
Arquétipo - Personagem que se assume como modelo mítico do imaginário de um povo Que está acima de um modelo real.
Argumento - Resumo da história da peça que leva à cena. Pode-se falar igualmente de um argumento de ballet.
Arlequinada – Peça com ou sem palavras que tem o Arlequim por personagem central.
Assonância - Repetição do mesmo som, especialmente da vogal acentuada no fim de cada verso (bela e tela).
Attente - Atitude de espectativa do público quando actua em antecipação à conclusão e há resolução final dos conflitos
Advertência- texto marginal do autor dramático quando se dirige ao leitor para adverti-lo das suas intenções, para precisar as circunstâncias do seu trabalho, analisar a sua obra.

B
Barroco - Diz-se de um estilo caracterizado pela liberdade de formas e a profusão de ornamentos
Burlesco - forma cômica exagerada e de paródia, empregando expressões triviais para travestir personagens e situações heroicas  a epopeia burlesca aparece em França no século XVIII. No século XX, o burlesco encontra a sua prefeita expressão em certos filmes cômicos (ex:Charlie Chaplin, Buster Keaton) e nos espectáculos de “music-hall”.

C
Canevas - Resumo ou “cenário” de uma peça para as improvisações de atores, em particular os da Comedia dell’arte.
Caráter - Traço próprio a uma pessoa que a permite distinguir dos outros. Conjunto de traços físicos, psicológicos e morais de um personagem. Pessoa ou personagem considerada na sua individualidade, originalidade, nas suas qualidades morais. Os caracteres constituem, segundo Ariosto, um dos seis elementos da tragédia, com o canto, elocução(estilo do discurso), a fábula, o pensamento e o espetáculo.
Carnavalização - Transformação espetacular de um evento por um reverso total de situações habituais, do sério para o cômico.
Catástrofe - Da tragédia grega, última das quatro partes da obra, onde o herói recebe a sua punição, geralmente funesta.
Catharsis - Efeito de purgação das paixões produzido sobre os espectadores numa representação dramática não distanciada.
Canto - Do teatro grego, termo para designar o texto poético de coro. No teatro de Brecht aplicava-se também o canto embora com intenção parcialmente diferente.
Cena – Termo designando o espaço de atuação Parte ou divisão de um ato onde não está previsto nenhuma mudança de personagens.
Cenografia – Arte da organização do espaço teatral. Conjunto de elementos (tela pintadas, praticáveis, mobiliário...) que determinam este espaço.
Coreografia - termo, vindo do teatro grego que designava a arte de dirigir os coros, utilizada depois no começo do século XVIII , para designar a arte de compor as danças e de regular as figuras e os passos. Hoje em dia utiliza-se este termo para designar a encenação do teatro gestual e mesmo do ballet.
Coro - Grupo - ou grupos alternados - encarregados de intervir colectivamente, por meio do canto, da dança e o recitativo, dentro do “quadro” de um ritual ou de um espetáculo. No teatro grego, a intervenção dos coreutas, dirigido por um corifeu, dá-se o nome de “Choreia”.
Comédia - Ação cênica que provoca o riso pela situação das personagens ou pela utilização de trejeitos e dos caracteres, cujo desfecho é feliz.
Comédia musical - Comédia ou intriga, pouco restrita, que serve de pretexto a uma série de canções e de danças. Um bom exemplo é a comédia musical “Hair” composta em 1967.
Comédia dell’arte - Gênero de comédia na qual, o “cenário” ou “canevas” servia apenas de regra para a improvisação dos atores. Este gênero existiu entre os séculos XVI a XVIII ,iniciou-se em Veneza ,em Itália e estendeu-se por toda a Europa.
Conotação - Conjunto de valores subjetivos variáveis de uma palavra.
Consola - Aparelho de controle das luzes e do som
Contexto - Conjunto de circunstâncias que rodeiam a emissão do texto linguístico e/ou da sua representação, circunstâncias que facilitam ou permitem a sua compreensão.
Contraponto - Série de linhas temáticas ou de intrigas paralelas que se correspondem num princípio de contraste.
Convenção teatral - Conjunto de pressupostos ideológicos e estéticos, explícitos ou não, que permitem ao publico receber corretamente a peça; por exemplo: a Quarta parede do palco, os apartes dos atores , o uso de um coro, o uso de objetos com outras funções; o próprio palco como espaço de ficção.
Corifeu - Chefe do coro, no teatro grego.

D
Diálogo – Conversa entre dois personagens. Encaixe de palavras trocadas pelas personagens de uma peça de teatro.
Dialogismo – caráter dialogado de um texto não teatral (ex: processo verbal de um interrogatório, troca de palavras numa récita, etc)Num sentido largo, o termo designa a estrutura de toda a ficção fundada sobre um conflito entre duas polaridades.
Didascal – Nome dado na Grécia àquele que ensinava uma arte, nomeadamente a arte dramática.
Didascália – Instrução do Didascal aos seus intérpretes. Diz-se das indicações cênicas dadas fora do texto, separadas das réplicas.
Diegese – Imitação de um evento em palavras, que contam uma história sem representação dos personagens.
Distanciação – Efeito teatral pelo qual o ator ou o encenador tentam evitar a identificação a um personagem ou a uma situação em particular. Efeito obtido por diversos processos de recuo, como “dirigir-se ao público”, a fabula épica, utilização de gestos sociais, as canções, técnicas de luz, etc.
Distribuição – Repartição dos papéis.
Dithyrambo – Cântico lírico à glória de Dionísios donde nasceu a tragédia.
Docudrama – (teatro documental) peça que utiliza por texto documentos autênticos sobre determinado evento.
Dramaticidade – Caráter do que é dramático; qualidade de um texto, de um espaço ou de um acontecimento que são susceptíveis de se porem em cena.
Dramatis personae – Personagens ou protagonistas cujos nomes figuram no genérico de uma peça
Dramaturgo – Autor de um texto dramático
Dramaturgia – Arte da composição de peças de teatro. Técnica ou poética da arte dramática que procura estabelecer os princípios da construção da obra.
Dramaturgista – Especialista de dramaturgia. Muitas vezes assistente do encenador, está encarregado de diversas questões relativas ao texto (reportório, adaptação de peças, redação, documentação...)Dizemos geralmente que é um conselheiro dramatúrgico.
Drama – Ação cênica representada por personagens.

E
Escrita dramática - Estrutura literária que se funda sobre alguns princípios dramatúrgicos  separação de papéis, diálogos, tensão dramática, ação dos personagens.
Escrita cênica – Maneira de utilizar o aparelho teatral para pôr em cena os personagens, o lugar e a ação que se desenrolam.
Espetáculo – aquilo que se oferece ao olhar(performance ou representação). Um dos seis elementos da tragédia de Aristóteles.
Efeito de destaque - Pôr em primeiro plano um fenômeno fazendo realçar a estrutura artística da mensagem.
Encenação – Conjunto de meios de interpretação cênica (cenografia, musica, jogo, etc....); atividade que consiste em conjugar estes meios. Articulação entre o trabalho de criador e coordenador de uma equipa de artistas; transposição de uma escrita dramática numa escrita cênica.
Epílogo – Discurso recitativo no fim de uma peça.
Épico – Diz-se de uma fábula tirada da vida dos homens, é engrandecida e tratada de tal maneira, nomeadamente por ajustes ideológicos, que é impossível para o espectador de se identificar com o herói ou com a situação.
Episódios - Capítulos da tragédia grega entre o prólogo e o êxodo e entre as intervenções cantadas e dançadas do coro.
Espaço dramático – Construção imaginária, pelo leitor e espectador, da estrutura espacial de um drama.
Espaço cênico – Espaço proposto sobre a “cena” pelo cenógrafo e seus colaboradores.
Estética – Filosofia do belo. O seu objecto é o bom e a verdade. Estudo que se dedica a definir os critérios de julgamento em matéria de poesia e arte.
Êxodo – Canto coral de saída.
Exposição – Informações fornecidas nas primeiras cenas para permitir que a situação evolua e a ação desenvolva.

F
Fábula – Conjunto de factos que constituem o elemento narrativo de uma obra. Um dos seis elementos da tragédia ,segundo Aristóteles, com os caracteres, o canto, a elocução, o pensamento e o espetáculo.
Farsa – Comédia trivial muitas vezes caracterizada por uma série de enganos e que terminava muitas vezes com pancadaria.
Fatalidade – Força sobrenatural pela qual tudo o que acontece (sobretudo desagradável) é predestinado e determina todos os acontecimentos de uma maneira inevitável. A fatalidade é o motor da tragédia grega.
Ficção – Forma do discurso que faz referencia a um universo conhecido. Mas através de pessoas e eventos imaginários.
Focalização ação de pôr em evidência, de fazer convergir num determinado ponto.
Fora do texto – Termo para designar o contexto e intertexto.
Fresnelle – Projetor cujo poder de iluminar é aumentado por uma lente graduada.

G
Grotesco – Cômico caricatural, de tipo bizarro, burlesco ou fantástico, por vezes absurdo ou irreal.

H
Happening – Espetáculo que exige a participação ou prevê uma reação do público, e que procura provocar uma criação artística espontânea, eventualmente colectiva.
Herói – Tipo de personagem dotado de poderes fora de comum e que pode “levantar-se” a favor ou contra a Cidade (Grécia). Personagem principal de uma obra.

I
Icon – Sinal visual que sugere um determinado objecto em virtude do carácter e qualidades que ele possui.
Identificação – Trabalho do ator e do espectador para adotar as atitudes e os sentimentos de um personagem num dado contexto teatral.
Ilusão – Fenômeno que faz que tomemos a ficção por real e verdadeira.
Inspiração – Teoria platônica segundo a qual, no momento da criação, o pensamento de um poeta, é trocado por um estado perto da demência que faz o ator parecer um Deus.
Intertexto – Conjunto de fragmentos citados num dado corpus;
Relação de ordem textual resultante de estar em presença de dois ou mais discursos de arte ou de escrita.
Intertextualidade  Fenômeno segundo o qual um texto parece situar-se na junção de diversos discursos.
Intriga – Conjunto de acontecimentos que constituem o “motor” da peça. Série de entrelaçamento de conflitos ou de obstáculos postos numa obra com vista a serem ultrapassados..

J
Jogo – Em teatro, o termo designa tanto uma forma de representação medieval como unidade disciplinar no ensino das artes de cena( jogo dramático) , e ainda as modalidades de interpretação de um actor (jogo realista, jogo distanciado, etc.).

K
Kabuki – Forma tradicional do teatro japonês, exclusivamente masculino, caracterizado pela violência das intrigas e a sumptuosidade do guarda-roupa e maquilhagens. A gestualidade ,que exprime muitas vezes os sentimentos humanos pela dança, sobrepõem-se geralmente sobre o texto inaudível de histórias bem conhecidas.

L
Lazzi – Elemento mímico ou improvisação do ator que serve para caracterizar comicamente um personagem.
Leitura – No teatro: Decifração e interpretação dos diferentes sistemas cênicos que se oferecem à percepção do leitor(texto dramático) ou espectador (texto cênico . A leitura pode ser horizontal ou vertical. Ler um texto, é estabelecer os laços entre as variáveis produtoras de sentido e importar os elementos imperativos susceptíveis de tecer um texto dentro de um texto.
Literalidade – Caráter de um texto considerado como obra literária.

M
Melodrama – Drama popular, muitas vezes acompanhado por melodia, caracterizado pela inverosimilhança da intriga e das situações, a multiplicidade de episódios violentos é outra das características.
Mímica – Num primeiro sentido, imitação direta de uma ação, contando uma história por gestos. Hoje em dia a Mímica distingue-se da pantomima essencialmente por se libertar, como a dança, de grandes figurações e de referencias para se especializar na criação de formas novas, por vezes abstractas.
Mimodrama – Acção dramática representada em pantomima ou linguagem corporal.
Monodrama – Drama cujos personagens são apresentados do ponto de vista de um só.
Monólogo – Cena falada apenas por um personagem; discurso aparentemente dirigido a ele mesmo, ou a um auditório do qual não se espera resposta. Na análise do discurso teatral, é considerado como uma variedade do diálogo.
Montagem – Diz-se de uma colagem de textos e por vezes da encenação; ou realização material da encenação.
Motivo – Imagem visual ou sonora, modulada ou repetida, que faz parte de um tema. Unidade indissociável da intriga, que constitui uma unidade autônoma da ação.
Musica de cena - Contribuição musical de um texto cênico  que anuncia ou sublinha uma emoção, ou para acompanhar uma ação ou um texto, ou mesmo substituir completamente um texto dramático.
Mistério – Ação cênica de ordem religiosa- egípcia, grega, medieval – e principalmente dedicada à vida dos deuses na terra.

N
Naturalismo – Representação realista de Natureza ou do natural.
Nô – Drama lírico japonês(mimado, cantado e dançado, com coros e instrumentos), executado no teatro, com guarda-roupa e máscaras, sem cenário. Compreende secções de prosa (kotoba) e de poesia (utai). Inspira-se geralmente em lendas e contos antigos do Japão, onde os seus atores são o shité e o waki, o segundo é uma espécie de duplo do primeiro.

O
Objetivo e Superobjetivo – Motivações que, segundo C. Stanislavski, estruturam a estratégia global de um personagem.
Ópera – Drama lírico, inteiramente cantado, realizado num Teatro com cenários e guarda-roupa.
Opereta – Comédia lírica, constituída de cantos e diálogos ou pantomimas alternadas com cenários e guarda-roupa.

P
Papel – Conjunto de indicações de acções de um personagem; é a vida de um personagem; Conjunto de réplicas de um personagem.
Parada – Forma de intervenção teatral que se faz à porta das salas de espetáculo, para angariar publico.
Parateatro – diz-se das formas paralelas do teatro.
Paródia – Peça ou fragmento dela do gênero burlesco que se transveste uma obra maior.
Patético – Modo de recepção de um espetáculo que provoca a compaixão
Pathos – Emoção ou paixão, amplificada ou simulada, susceptível, por técnicas específicas do teatro, de suscitar ou manipular no publico sentimentos naturais de piedade ou de terror, com vista a provocar a catarsis.
Performance – Expressão artística de unidade variável que consiste em produzir determinados eventos por meio de gestos e ações sem contar qualquer história .
Práxis – Ação dos personagens, ação que se manifesta na cadeia de acontecimentos ou fábula.
Prólogo – Parte da peça que nos gregos precede a entrada do coro.
Procenium – Parte anterior do palco.
Psicodrama – Técnica de investigação psicológica que procura analisar os conflitos interiores em fazendo jogar um quadro improvisado a partir de quaisquer dados.

Q
Quadro – Divisão de um texto dramático ou cênico  fundado sobre uma mudança do espaço ou do espaço-tempo. Constitui uma alternativa à cena ou ao ato. Bertold Brecht revalorizou es tipo de divisão.
Quarto muro – No teatro naturalista: muro imaginário que separa a cena da sala.
Quiproquó – Situação de engano que faz prender um personagem – ou uma coisa – a outra.

R
Realismo – Concepção da arte e da literatura, segundo a qual não se deve procurar idealizar o real ou mesmo depurá-lo.
Récita – Fábula. Discurso de um personagem narrando um acontecimento que se produz fora de cena.
Recitativo – Na Ópera ou na cantata, parte declamada – não cantada - cujo ritmo e métrica difere do canto ou da música que a precedem ou a seguem.
Repertório – Conjunto de peças realizadas por uma companhia teatral; conjunto de peças do mesmo estilo ou de uma mesma época; conjunto de papéis que um ator já interpretou e que fazem parte do seu curriculum.
Réplica – Resposta a um discurso; texto dito por um personagem no decurso de um diálogo.
Retórica – Termo empregado para designar a arte de persuadir, a lista de figuras de estilo e de juízos de escola num discurso artístico e literário.

S
Sátira – Gênero teatral de origem grega; Discurso que ataca alguém ou qualquer coisa, gozando isso.
Signo – A mais pequena unidade de sentido, proveniente da combinação de um significado e significante. 
Situação dramática – Conjunto de dados textuais e cênicos cujo conhecimento é indispensável para a compreensão do texto e da ação.
Sociodrama – Técnica inspirada da criação colectiva teatral e empregada na terapia de grupo.
Solilóquio – Discurso de um pessoa que fala para si mesma; monólogo interior. Discurso de uma pessoa que, em companhia, está apenas a falar para si mesma.
Song – Intervenção coral, no teatro brechtiano.
Subtexto – Aquilo que não se diz explicitamente no texto dramático, mas que ressalta da interpretação do ator.
Sublime – Categoria estética que designa um sentimento que faz “sair” aquele que experimenta os limites habituais da sua percepção do belo, para o conduzir em direção à grandiosidade ou ao horror.
Suspense – Momento ou passagem que faz nascer um grande sentimento de angústia ou de dúvida; caráter daquilo que é susceptível de provocar este sentimento.
Simbolismo – Movimento artístico e literário que, em reação ao Naturalismo, se esforça de fundar a arte sobre uma visão espiritual do mundo, traduzida por meios de expressão metafóricos ou poéticos.

T
Texto dramático – Escrito onde a teatralidade é explicitamente inscrita.
Texto cênico – Produto da encenação, que foi produzido ou não por um texto dramático.
Teatralidade – Caráter do que é teatral; pela qual um escrito, um espaço ou um evento se definissem como configuração de elementos estilísticos e de valores diferenciados (guarda-roupa, personagens, adereços, etc...), regras, implicitamente ou explicitamente, por leis do sistema teatral. Pode-se falar da teatralidade de um evento judiciário, de um lugar sagrado, de uma máscara primitiva...
Tragédia – Ação cênica cujas peripécias são dirigidas por uma fatalidade e cujo desfecho é sempre funesto.

U
Unidade de ação – caráter de uma peça do qual a matéria narrativa se organiza á volta de uma fábula principal á qual as intrigas anexas são logicamente ligadas.
Unidade de lugar – Carácter de uma peça segundo a qual se organiza à volta de um e mesmo espaço.
Unidade de tempo - Carácter de uma peça cuja acção se organiza no mesmo tempo de ação.

V
Variedades – Espetáculo que apresenta diversas atrações (canções, danças ,etc...).
Verosimilhança - Caráter pela qual as ações, os personagens e os ligares representados são percepcionados pelo publico com uma imitação da realidade e não como uma realidade verdadeira ou sobrenatural. 


Modernismo (1922-1960)

Índice
·        Referências históricas

Iniciou-se no Brasil com a SAM de 1922. Mas nem todos os participantes da Semana eram modernistas: o pré-modernista Graça Aranha foi um dos oradores. Apesar de não ter sido dominante no começo, como atestam as vaias da platéia da época, este estilo, com o tempo, suplantou os anteriores. Era marcado por uma liberdade de estilo e aproximação da linguagem com a linguagem falada; os de primeira fase eram especialmente radicais quanto a isto.
Didaticamente, divide-se o Modernismo em três fases: a primeira fase, mais radical e fortemente oposta a tudo que foi anterior, cheia de irreverência e escândalo; uma segunda mais amena, que formou grandes romancistas e poetas; e uma terceira, também chamada Pós-Modernismo por vários autores, que se opunha de certo modo a primeira e era por isso ridicularizada com o apelido de neoparnasianismo.

Referências históricas

·   Início do século XX: apogeu da Belle Époque. O burguês comportado, tranqüilo, contando seu lucro. Capitalismo monetário. Industrialização e Neocolonialismo.
·    Reivindicações de massa. Greves e turbulências sociais. Socialismo ameaça.
·    Progresso científico: eletricidade. Motor a combustão: automóvel e avião.
·    Concreto armado: “arranha-céu”. Telefone, telégrafo. Mundo da máquina, da informação, da velocidade.
·     Primeira Guerra Mundial e Revolução Russa.
·     Abolir todas as regras. O passado é responsável. O passado, sem perfil, impessoal. Eliminar o passado.
·    Arte Moderna. Inquietação. Nada de modelos a seguir. Recomeçar. Rever. Reeducar. Chocar. Buscar o novo: multiplicidade e velocidade, originalidade e incompreensão, autenticidade e novidade.
·    Vanguarda - estar à frente, repudiar o passado e sua arte. Abaixo o padrão cultural vigente.

1ª FASE do MODERNISMO no BRASIL



Primeira fase do Modernismo - Período de agitação, com a primeira geração modernista preocupada em difundir novas ideias, não recuando diante das polêmicas e exibindo em muitas obras um tom agressivo e irônico com relação à literatura tradicionalista.
 A primeira semana do novo Brasil - A Semana de Arte Moderna durou três dias e reuniu poetas, escultores, pintores, músicos e intelectuais ligados à "Nova Arte". Iniciou-se calma, com a palestra "A estética na arte moderna", exposta por Graça Aranha, um dos padrinhos do evento. A confusão durou dois dias depois, na palestra de Menotti del Picchia ("Queremos luz, ar, ventiladores, aeroplanos, reivindicações obreiras, idealismos, motores, chaminés de fábricas, sangue, velocidade e sonho na nossa arte", disse ele). A conferência abriu claramente a caça ao "passadismo", a plateia se conteve e não vaiou. Minutos depois houve uma vaia estrondosa.
Os modernistas não foram vítimas inocentes, as vaias faziam parte do espetáculo, alguns estudiosos acham que os modernistas contrataram gente para uivar contra eles. A vaia era o mais caro sinal de reconhecimento.
O Manifesto Antropofágico - Um fato importante pela polêmica que provocou foi a exposição de pintura moderna feita por Anita Malfatti nos meses de dezembro de 1917 e janeiro de 1918, em São Paulo. A pintura teve importância fundamental não apenas no advento da Semana de Arte Moderna como também na eclosão de todo o movimento modernista que veio a seguir. Voltando de uma viagem à Europa e aos Estados Unidos, onde entrara em contato com a arte moderna, Anita Malfatti, incentivada por alguns amigos, resolveu expor suas últimas obras. No acanhado meio artístico paulistano, a exposição provocou comentários variados, tanto a favor como contra. Entretanto o que realmente desencadeou a polêmica em torno não só da pintora mas principalmente da questão da validade da nova arte, foi um artigo escrito por Monteiro Lobato, que ficou conhecido por "Paranoia ou mistificação?"
Essa crítica precipitada de Monteiro Lobato provocou ressentimentos em Anita Malfatti e, ao mesmo tempo, despertou uma atitude de simpatia de um grupo de artistas jovens com relação a ela, resultando manifestações de repúdio às concepções tradicionalistas de arte.
 Abaporu, o antropófago, obra de Tarsila do Amaral - amiga de Anita Malfatti e apoiava o movimento modernista.
O Homem amarelo, de Anita Malfatti, obra considerada feia e de mal gosto pelos tradicionalistas.

Principais autores e obras:  

 Mário de Andrade - Foi um pesquisador que se interessou pelas mais variadas manifestações artísticas. Professor de piano, estudou e escreveu sobre folclore, música, pintura e literatura, sendo um dos mais dinâmicos batalhadores pela renovação da arte brasileira. De toda sua obra destacam-se:
Poesia: - Há uma gota de sangue em cada poema, Paulicéia desvairada, Losango cáqui, Clã do jabuti, Remate de males;
Prosa: - Primeiro andar; Amar, verbo intransitivo; Macunaíma; Belazarte; Contos Novos; A escrava que não é Isaura; Aspectos da literatura brasileira; O empalhador de passarinho.
 Macunaíma - É chamado de rapsódia (inspiração folclórica) por Mário de Andrade, o livro é construído a partir de uma série de lendas a que se misturam superstições, provérbios e anedotas. O tempo e o espaço não obedecem a regras de verossimilhança e o fantástico se confunde com o real durante toda a narrativa.
O material de que se serviu o autor, é de origem europeia, ameríndia e negra, pois Macunaíma nasce índio-negro, fica depois de olhos azuis. A ausência de caráter do "herói", sua preguiça e malícia, seu individualismo, tudo isso pode ser visto como o resultado confuso de várias influências culturais mal assimiladas, nesse sentido Macunaíma passa a constituir uma espécie de personificação do Brasil.
O enredo central, frequentemente interrompido pela narração de "casos" ou lendas, é bem simples: Macunaíma tenta reaver o amuleto que ganhara de sua mulher Ci, Mãe do Mato, único amor sincero de sua vida, e que por desgosto pela morte do filho pequeno subiu aos céus e transformou-se na estrela Beta do Centauro. Macunaíma perdera esse amuleto prodigioso que ficou em poder do gigante Piaimã que se encontrava em São Paulo. Depois de vária façanhas junto com seus irmãos Maanape e Jiguê, recupera o amuleto (a muiraquitã). Após mais algumas aventuras, agora sozinho pois os irmãos haviam morrido, Macunaíma enganado pela Uiara (divindade que vive nos rios e lagos) , perde a muiraquitã e fica todo machucado, perdendo uma perna.
Desiludido, resolve abandonar este mundo e subir aos céus, onde é transformado em constelação. É um herói capenga que se aborrecia de tudo, vaga solitário no campo vasto do céu.
Oswald de Andrade - A poesia de Oswald de Andrade é um exemplo de renovação na linguagem literária. Fugindo aos modelos literários da época, ele construiu uma poesia original, com muito humor e ironia, numa linguagem coloquial que surpreende pela maestria com que o autor soube utilizar as potencialidades da língua portuguesa. A poesia de Oswald de Andrade repudia o purismo, a linguagem quotidiana está incorporada às suas poesias, não gostava de obedecer e copiar os padrões tradicionalistas.
 Poesia: Pau-Brasil; Primeiro caderno do aluno de poesia de Oswald de Andrade; Poesias reunidas.
 Prosa: Memórias sentimentais de João Miramar; Serafim do exílio; Estrela de absinto; Marco Zero I - A revolução melancólica; Marco zero II - Chão.

 Teatro: O homem e o cavalo; A morta; O rei da vela.

 Trechos do poema Pau-Brasil:
3 de maio
Aprendi com meu filho de dez anos
Que a poesia é a descoberta
Das coisas que eu nunca vi.
 O verso livre, o tom de prosa, a simplicidade da linguagem e a síntese, são os principais elementos de modernidade deste poema metalinguístico, poesia sobre a poesia. Há sugestão de poesia como ingenuidade, magia, liberdade, universo infantil (não há fronteira entre sonho e liberdade).
 Pronominais

 Dê-me um cigarro
 Diz a gramática
 Do professor e do aluno
 E do mulato sabido 

 Mas o bom negro e bom branco
 Da Nação Brasileira
 Dizem todos os dias
 Deixa disso camarada
 Me dá um cigarro.

 
A valorização da linguagem coloquial, próxima da vida, popular, opõe a gramática, o professor, o mulato sabido e o aluno.

 O capoeira
 -Qué apanhá sordado?
 -O Quê?
 -Qué apanhá?
  Pernas e cabeças na calçada.

 
A ideia de luta é sugerida apenas por um diálogo rápido, tipicamente popular num estilo sintético. Este trecho  foi construído com transposição de técnica de cinema, montagem de cenas na tentativa de descontinuidade para causar a impressão de imagens simultâneas para o texto literário.

 Relicário
 No baile da Corte
 Foi o Conde d'Eu quem disse
 Pra Dona Benvinda
 Que farinha de Suruí
 Pinga de Parati
 Fumo de Baependi
 É comê bebê pitá e caí

 
Este trecho do poema é representativo da proposta Pau-Brasil de poesia de exportação. Reconta momentos significativos da história do Brasil de maneira irônica.


 Manuel Bandeira - Sua linguagem coloquial e irônica atinge maior grau em Libertinagem. A ânsia de libertação e ausência dolorosa de figuras familiares estão presentes em "Vou-me embora pra Pasárgada", "Poema de Finados", "Evocação de Recife", "Profundamente". Nas outra obras, apareceram o desenvolvimento das linhas temáticas como saudade da infância, a presença da morte, a fugacidade da vida e do amor.

 Poesia: A cinza das horas; Carnaval; Ritmo dissoluto; Libertinagem; Estrela da manhã; Lira dos cinquent'anos; Mafuá do malungo etc.

Prosa: Crônicas da província do Brasil; Itinerário de Pasárgada; Andorinha, andorinha; Os reis vagabundos e mais 50 crônicas.
  Pneumotórax                 

 Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
 A vida inteira que podia ter sido e não foi.
 Tosse, tosse, tosse.

 Mandou chamar o médico:
 - Diga trinta e três -
 - Trinta e três...trinta e três...trinta e três...
 - Respire...
 ...............................................................
 O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
 - Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
 - Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
  (Libertinagem)

 
Este é um poema que tematiza a tuberculose, que assombrou toda a vida de Manuel Bandeira, criando a expectativa da morte. Os versos em prosa intercalam causa e consequência: Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos, os sintomas concretos da doença.
 O epsódio do médico, exemplo da presença da matéria normalmente antipoética, a ironia trágica e desesperada, mas mesmo assim lírica, delicada. No final pneumotórax , única esperança de cura é sugerido tocar um tango argentino é assumir poeticamente que não há cura possível e assim preparar-se para a morte.

 Antônio de Alcântara Machado - Antônio de Alcântara Machado não participou da Semana de 22, mas foi um dos mais ativos escritores do movimento modernista tendo colaborado nas revistas Terra Roxa, Outras Terras, Revista de Antropofagia e Revista Nova.
 Antônio de Alcântara Machado, ao se interessar por essa vida quotidiana tão ausente de nossa literatura, realizava uma das aspirações do Modernismo, que era o desejo de representar a nova realidade social e urbana do começo do século XX.
Deixou um romance inacabado (Ana Maria), crônicas (Pathé Baby e Cavaquinho e Saxofone) e contos (Brás, Bexiga e Barra Funda e Laranja da China) que foram reunidos no livro Novelas Paulistanas.

domingo, 28 de outubro de 2012

2ª e 3ª FASES DO MODERNISMO

SEGUNDO MOMENTO MODERNISTA   - A POESIA ( 1930 – 1945 )

FATOS HISTÓRICOS E CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS DA SEGUNDA GERAÇÃO

  a) Desgaste da política do café com leite ( crise política das oligarquias cafeeiras );
  b) Quebra da Bolsa de Nova Iorque ( 1929);
  c) Revolução de 30;
  d) Industrialização; diversificação do capital;
  e) Remodelação da estrutura econômica agroexportadora;
  f) Início da era Vargas, a sua ascensão e consolidação de seu poder;
  g) Em termos culturais amplos, trata-se de um momento de busca de novos caminhos: filosóficos, sociais, políticos, existenciais;
  h) Na literatura, a segunda geração do Modernismo é a expressão desse momento. O início em 1930, é marcado pela publicação de Alguma Poesia de Carlos Drummond de Andrade, e encerrada em 1945, com a morte de Mário de Andrade;
  i) Quanto à criação: os versos são livres, há liberdade temática, com introdução do prosaico (vulgar), do coloquial e do irônico no contexto poético, o anti-academicismo e o engajamento do escritor nas questões de seu tempo.
  j) Amadurecimento e aprofundamento das conquistas da geração de 1922.

PRINCIPAIS AUTORES NA POESIA: Carlos Drummond de Andrade; Vinícius de Moraes; Cecília Meireles; Murilo Mendes; Jorge de Lima e Mário Quintana.


CARLOS DRUMMOND  DE ANDRADE  ( 1902 – 1987 )
              
Sua obra atravessa praticamente todas as modalidades da poética posterior a 22, tornando-se uma espécie de mostruário das várias tendências modernistas. Suas poesias refletem os problemas do mundo, do ser humano universal diante dos regimes totalitários, da Segunda Guerra, da Guerra Fria.Drummond ingressa na literatura em 1930, com o livro Alguma Poesia no periódico A Revista.
No início, (Alguma Poesia), a obra de Drummond apresenta poemas com certa dose de humor, revelando uma forma cautelosa, desconfiada e pessimistamente reservada no sentir e refletir.  O poeta é o espectador de um mundo à sua frente, mundo que tenta descrever, ou com quem tenta dialogar . O seu referencial é sempre seu próprio  eu insatisfeito.   Como marca do estilo drumoniano, encontramos a repetição proposital, para dar mais ênfase à mensagem. Além disso,  o poeta revela, em seu cotidiano, transposto à sua obra, uma sensível preocupação com os homens e com o mundo.
  Outras obras: Confissões de Minas; O gerente; contos e Aprendiz; Cadeira de Balanço; Boca de Luar; O   Avesso das Coisas, etc.


MURILO  MENDES  ( 1901 – 1975 )

 Este poeta tem curiosa trajetória no Modernismo brasileiro: das sátiras e poemas-piada ao estilo oswaldiano, caminha para uma poesia religiosa, sem perder contato com a realidade social; o próprio poeta afirma que o social não se opões ao religioso. Tal fato lhe permite acompanhar todas as transformações vividas pelo século XX, quer no campo econômico e político – a guerra foi tema de vários dos seus poemas, quer no campo artístico, sendo o poeta modernista brasileiro mais identificado com o Surrealismo europeu.

ALGUMAS OBRAS: Poemas ( livro de estreia); A Poesia em Pânico; O Visionário; Poesia Liberdade., etc.

JORGE DE LIMA (1895 – 1953)
Jorge Mateus de Lima estreia na literatura em 1914,  ainda fortemente influenciado pelo Parnasianismo, com XIV Alexandrinos.
  Um salto de quase três lustros, ( espaço de 5 anos ) entre os XIV Alexandrinos  e Poemas, e o poeta ingressa na correnteza pelo verso livre, descritivo e narrativo, mais prosa versificada que poesia.
   A exemplo de Murilo Mendes, Jorge de Lima também trilhou caminhos curiosos  na literatura: de poeta parnasiano, chega a uma poesia social paralela a uma religiosa. Em certos momentos, aborda uma temática mais ampla, ao denunciar as desigualdades sociais, atingindo maravilhosa expressão poética por meio de um hábil jogo com as  palavras.
A partir  de Tempo e Eternidade, há uma preocupação da “restauração da Poesia em Cristo” em trabalho conjunto com Murilo Mendes, em que se observa a luta entre o material e o espiritual.
Algumas obras:  XIV Alexandrinos ( poesia ); O Mundo do Menino Impossível ( poesia ); Poemas   ( poesia ); Salomão e as Mulheres ( romance ); O Anjo ( romance ); etc.                   
               
CECÍLIA MEIRELES  ( 1901 – 1964 )

 Foi professora e jornalista. Um dos aspectos fundamentais da  poética de Cecília Meireles é sua consciência da transitoriedade das coisas; por isso mesmo, o tempo é personagem central de sua obra : o tempo passa, é fugaz.
Cecília ingressa no âmbito literário com 18 anos de idade, com a obra        Espectros, de tom parnasiano. Em 1923, começa a publicação de alguns livros simbolistas: Nunca Mais e Poema dos Poemas, Baladas para El-Rei.
 Grande sensibilidade aparece em Mar Absoluto  e Solombra. Em Romanceiro da Inconfidência, exalta os vultos da pátria, cultuando-os em versos dramáticos.
Distingue-se também pelo esmero com que construiu seus versos. Insuperável nos metros curtos. Por tudo isso, Cecília Meireles é considerada uma das maiores poetisas da língua portuguesa
TEMAS: a natureza; a beleza  ( efêmera); o mundo e a vida ( fugazes ); o passado ( a dor da  ausência )
  Algumas obras :  Espectros; Nunca Mais ...e Poema dos Poemas; Baladas para El-Rei; Viagem; Antologia Poética; O menino atrasado ( teatro ); Romanceiro da Inconfidência; Mar Absoluto; etc.


  
A partir da década de 30, o regionalismo nordestino resultou em brilhantes obras literárias, com nomes que vão de Graciliano Ramos, José Lins do Rego, José Américo de Almeida, Rachel de Queiroz e Jorge Amado, no romance, a João Cabral de Melo Neto, na poesia.

 VINÍCIUS DE MORAES ( 1913 – 1980)

Em 1933, publica seu primeiro livro de poesia, O caminho para a Distância. Vinícius de Moraes tem o início de sua carreira, a exemplo de Cecília Meireles, intimamente ligado ao neo-simbolismo da “corrente espiritualista” e  à renovação católica da década de 30. Percebe-se, em vários de seus poemas dessa fase, um tom bíblico, seja nas epígrafes, seja diluído pelos versos. No entanto, o eixo de sua obra logo se desloca para um sensualismo erótico o que vem acentuar  uma contradição entre o prazer da carne  e a formação religiosa; destaque também para a valorização do momento.
A temática social também aparece em  poemas de Vinícius de Moraes, os quais lograram obter o mesmo grau de  popularidade que suas composições voltadas para o amor. Necessário também se faz salientar a  importante  participação de Vinícius na evolução da música popular brasileira desde a bossa-nova,em fins dos anos 50, até os nossos dias.
 Algumas obras:  O Caminho para a Distância; Novos Poemas; Pátria Minha; A Arca de Noé; Poesia Completa e Prosa; Antologia Poética; etc.

RACHEL DE QUEIROZ ( 1910 – 2003 ) 
em 1930 publica seu primeiro romance: O Quinze ( há uma exposição da luta secular de um povo contra a miséria e a seca ).
   Sua obra  é marcada pelo forte caráter regionalista dos romances modernistas: o Ceará, sua gente, seu romance mais social, mais político: foi publicado em 1937, no início do Estado Novo de Getúlio  Vargas.
 Outras obras: João Miguel; As Três Marias; Dora Doralina.
 Em 1977 quebrou uma tradição: tornou-se a primeira mulher a assumir uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.
  Na obra: João Miguel, a autora conta a história de um presidiário em pequena cidade do interior. Há neste romance profundas preocupações sociais e uma intensa análise psicológica.

JORGE AMADO ( 1912  - 2001 ):
Estreou  em 1931 com País do Carnaval.  De 1931 a 1946, foram doze romances retratando a zona urbana de Salvador com seus marinheiros, meninos abandonados, malandros, ora z zona cacaueira do sul da Bahia.
  Os livros de Jorge Amado têm  grande força lírica e seus personagens são envolvidos por irresistível  simpatia humana.
 Suas primeiras obras apresentam problemas sócio-políticos. Posteriormente, ganham força pela realização dos personagens, casos e costumes, dos tipos baianos das classes média e humilde, e, sobretudo, quando se identificam com a gente pobre do cais de Salvador.
  Obras: O País do Carnaval; Cacau; Suor; Jubiabá; Capitães de Areia; Terras do Sem Fim; Gabriela, Cravo e Canela; etc.

GRACILIANO  RAMOS ( 1892  -  1953 ) :
alagoano; estreia em livro, em 1933, com o romance Caetés. Em Memórias do Cárcere ele relata todo o sofrimento e humilhações sofridas em presídios,pois fora preso por atividades consideradas subversivas.
As obras: Caetés, São Bernardo e Angústia são consideradas obras de caráter psicológico. Com Vidas Secas, o romance sócio-político atinge seu ponto culminante,na qual,narra o drama social e geográfico de uma região miserável, cuja população encontra-se representada por uma família: Fabiano, Sinhá Vitória, dois filhos e a cachorra Baleia.Dominados pela seca e pela opressão dos poderosos, eles vão se mover num espaço físico que não oferece saída. A trajetória é circular, ou seja eles acabam voltando sempre para o lugar de partida.
  Em Infância e Memórias do Cárcere são obras de caráter  autobiográfico
Os críticos afirmam que Graciliano Ramos tem uma grande capacidade de dizer o essencial das coisas em poucas palavras.

                        O MODERNISMO  -  3ª FASE  -  1945  ATÉ HOJE

Fim da 2ª Guerra Mundial, início da Era Atômica com as explosões de Hiroxima e Nagazaki. Cria-se a ONU (Organização das Nações Unidas); mais tarde, publica-se A Declaração dos Direitos do Homem, logo depois inicia-se a Guerra Fria.
Os Estados Unidos e União Soviética determinam os desígnios da política internacional. A tensão mundial aumenta sem provocar conflitos diretos, é a chamada  Guerra Fria.

A 30 de abril de 1945, os soviéticos fincam a sua bandeira no alto do Planejamento alemão, e Hitler suicida-se junto com a sua mulher, Eva Braun. A capital alemã em ruínas é ocupada em 2 de maio pelo exército da URSS, com a prisão de 135 mil defensores da cidade. Cinco dias mais tarde, a Alemanha rende-se incondicionalmente.

Países do Eixo de um lado ( Alemanha, Itália e Japão) e do outro, os aliados ( Inglaterra, Estados Unidos, União Soviética ( hoje Rússia) e China).
Os Estados Unidos tomam a iniciativa de reconquistar a Ásia. Em 6 de agosto de 1945, a 1ª bomba lançada sobre Hiroxima, matando 100 mil pessoas. Três dias , uma segunda bomba cai sobre Nagazaki, provocando mais de 70 mil vítimas fatais.

Em 2 de setembro de 1945, o Japão rende-se aos Exércitos norte-americanos. É o final da 2ª Guerra Mundial.

À medida que a Europa é libertada da dominação alemã, a humanidade constata a extensão das atrocidades cometidas durante os quatro anos de luta, em particular nos campos de concentração e extermínio estabelecidos pelos nazistas. Os gastos com a guerra chegam a US$ 1,4 trilhão.

São os grandes vencedores, Estados Unidos, União Soviética (hoje Rússia), que determinam os desígnios da política internacional.
No Brasil, fim da ditadura de Getúlio Vargas; início da redemocratização brasileira; os partidos são legalizados e abre-se um novo tempo de perseguições políticas, ilegalidades, exílios.
literatura passa por profundas modificações. O tempo, excelente crítico literário, encarrega-se da seleção.
prosa, tanto nos romances como nos contos, busca uma literatura intimista, de sondagem psicológica, introspectiva, com destaque todo especial paraClarice Lispector e João Guimarães Rosa com uma produção fantástica aderindo o regionalismo, e sua recriação de costumes e da fala sertaneja, penetrando fundo na psicologia do jagunço (capanga) do Brasil central.
Na poesia, o final dos anos 40, revela um dos ,mais importantes poetas da nossa literatura, João Cabral de melo Neto ( autor de Morte e Vida Severina).

 JOÃO GUIMARÃES ROSA (1908  -  1967)

Formou-se médico em Belo Horizonte; revelando-se desde cedo um apaixonado da Natureza, pelos sertanejos e pelo estudo das línguas. das línguas, Ingressou na carreira diplomática, servindo em Hamburgo (Alemanha). Trabalhou também em Bogotá ( capital da Colômbia) e Paris. Foi também ministro no Brasil  ( 1958 ).
Sua carreira de escritor  só obteve reconhecimento geral a partir de 1956 com Grande Sertão Veredas e Corpo de Baile, que  a partir da 3ª edição tripartiu-se em volumes autônomos: Manuelzão e Miguilim ( “Campo Geral”   e uma “Estória de Amor”).

Outras obras: Sagarana (soma de saga, que vem do alemão, que significa lenda ).É um livro de nove estórias: O Burrinho Pedrês; A volta  do marido pródigo; Sarapalha; Duelo; Minha gente; São Marcos; Corpo fechado; Conversa de bois; A hora e a vez de Augusto Matraga.
Primeiras Estórias ( 1962 ).
  A linguagem regionalista acaba assumindo a característica de experiência estética universal, compreendendo a fusão entre o real e o mágico. Aparece muito em suas obras, recursos da expressão poética: aliterações, onomatopéias, rimas internas, elipses, metáforas, neologismos, anáforas, metonímias, etc.Aliteração: repetição da mesma consoante
Anáfora: repetição intencional de palavras no início de um período, frase ou verso.
 Neologismo: criação de uma palavra nova
 Elipse: omissão de uma palavra

                        
CLARICE LISPECTOR ( 1925  -  1977 )

Nasceu na Ucrânia e com dois meses de idade, veio com a família para o Brasil, fixando-se em Recife. Em 1937 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde terminou o secundário e cursou Direito.
Em 1944, escreveu: Perto do coração selvagem ( romance introspectivo).
Outras obras que merecem destaque: A hora da estrela; Laços de família ( são 13 contos).0
Características de suas obras:
As histórias raramente têm começo, meio e fim. As personagens e narradores aventuram-se através da imaginação. Clarice reflete circunstâncias econômicas e sociais. Sua literatura é um ambíguo espelho da mente; narrativa interiorizada. Um fato exterior pode liberar até o inconsciente da personagem.
Sua obra revela o questionamento do ser, o “estar no mundo”; apresenta uma certa ambiguidade entre o “eu” e o “não eu” entre o “ser”  e o “não ser”.
Sua linguagem apresenta metáforas; seus textos são excessivamente herméticos ( de difícil compreensão); filosofia pessimista, angústia existencial, desespero.


JOÃO CABRAL DE MELO NETO  (1920 – 1999)

Nasceu no Recife. Diplomata de carreira, em 1969 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras.             
O objetivismo formal e a participação social  -  constitui a mais importante de suas características literárias.
Obras: coletânea: Pedra do sono ( poesia); O engenheiro; Psicologia da Composição; O cão sem plumas; O rio ; Duas águas ( que inclui o poema dramático “Morte e vida Severina”); Poesias completas; Auto do frade e entre outras.