segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A Prosa Romântica no Brasil



O romance romântico aparece no Brasil como um gênero de fácil aceitação, principalmente para o público burguês, abordando temas comuns da vida cotidiana. Sua produção inicia-se apenas em meados do século XIX, a partir do contato com outras nações decorrente do processo de independência, em 1822, quando países como França, Inglaterra e Alemanha já tinham a tradição da ficção.

O romance pioneiro surge dotado de algumas peculiaridades, como o episodismo (sobreposição dos episódios à análise dos fatos), o oralismo (o narrador é um contador de histórias), a linearidade (segue-se a ordem cronológica normal dos fatos da vida), a idealização (no ambiente, no enredo e nos personagens - homem, herói autêntico e generoso e mulher, feminina, ingênua e fiel).
       
Inicialmente, não só no Brasil, mas também na Europa, o romance apresenta-se na forma de folhetins, em publicações periódicas nos jornais de capítulos de obras literárias, atraindo a leitura de mulheres, estudantes, comerciantes e funcionários públicos. Estas publicações desapareceram no século XX, enquanto o romance em si prosseguiu evoluído e se modificando ao longo dos tempos na literatura nacional.

LINHAS TEMÁTICAS DO ROMANCE:

No Brasil, o romance nasce em meio a uma busca pela identidade nacional e, mais do que a produção poética, busca fornecer as respotas sobre as tradições, o passado histórico e os costumes do país em uma verdadeira investigação sobre os espaços nacionais. A identificação destes espaços caracteriza a formação de quatro linhas temáticas: o espaço da selva é retratado pelos Romances Indianista e Histórico; o campo aparece noRomance Regionalista; a vida na cidade é trazida pelo Romance Urbano.Vejamos cada uma destas linhas:

1. Romance Indianista:
Caracterizado pela idealização do Índio, que não é visto em sua realidade sócio-antropológica, mas sim de uma maneira lírica e poética, figurando como o protótipo de uma raça ideal. Materializa-se no índio o “mito do bom selvagem” de Rousseau (o homem é bom por natureza e o mundo é que o corrompe).

Há harmonização das diferenças entre as culturas europeia e americana. O índio é mostrado em diversas condições, como é possível notar nas obras de José de Alencar: em Ubirajara”, aparece o índio primordial, sem o contato urbano; em “O Guarani”, é mostrado o contato o branco e em “Iracema”, aborda-se a miscigenação.

2. Romance Histórico:
Revela o resgate da nacionalidade a partir da criação de uma visão poética e heroica das origens nacionais. É comum ocorrer a mistura de mito e realidade. Destacam-se as obras ”As Minas de Prata” e “A guerra dos Mascates”, de José de Alencar.

3. Romance Regionalista:
Também conhecido como Sertanista, é marcado pela idealização do homem do campo. O sertanejo é mostrado, não diante dos seus verdadeiros conflitos, mas de uma maneira mitificada, como um protótipo de bravura, honra e lealdade. Trata-se aqui de um regionalismo sem tensão crítica. Destacam-se obras de José de Alencar (“O Sertanejo”“O Tronco do IpꔓTil”“O Gaúcho”), Visconde de Taunay (“Inocência”), Bernardo Guimarães (“O Garimpeiro”) e Franklin Távora, que com “O Cabeleira” diferencia-se dos demais apresentando certa tensão social que pode ser enquadrada como pré-realista.

4. Romance Social Urbano:
Retrata o ambiente da aristocracia burguesa, seus hábitos e costumes refinados, seus padrões de comportamento, sendo raro interesse pela periferia. Os enredos são em geral triviais, tratando das tramas amorosas e mexericos da sociedade. Os perfis femininos são temas comuns, como em “Diva”, “Lucíola” e “Senhora”, de José de Alencar e em “Helena”, “A Mão e a Luva” e “Iaiá Garcia”, de Machado de Assis.

É importante perceber que alguns desses romances, tratando do ciclo social urbano, já revelavam características realistas em seus enredos, como algumas análises psicológicas e sintomas de degradação social.


Nenhum comentário:

Postar um comentário