Primeira fase do Modernismo - Período de
agitação, com a primeira geração modernista preocupada em difundir novas
ideias, não recuando diante das polêmicas e exibindo em muitas obras um tom
agressivo e irônico com relação à literatura tradicionalista.
A primeira semana do novo Brasil - A Semana de Arte Moderna durou três dias e reuniu poetas, escultores, pintores, músicos e intelectuais ligados à "Nova Arte". Iniciou-se calma, com a palestra "A estética na arte moderna", exposta por Graça Aranha, um dos padrinhos do evento. A confusão durou dois dias depois, na palestra de Menotti del Picchia ("Queremos luz, ar, ventiladores, aeroplanos, reivindicações obreiras, idealismos, motores, chaminés de fábricas, sangue, velocidade e sonho na nossa arte", disse ele). A conferência abriu claramente a caça ao "passadismo", a plateia se conteve e não vaiou. Minutos depois houve uma vaia estrondosa.
A primeira semana do novo Brasil - A Semana de Arte Moderna durou três dias e reuniu poetas, escultores, pintores, músicos e intelectuais ligados à "Nova Arte". Iniciou-se calma, com a palestra "A estética na arte moderna", exposta por Graça Aranha, um dos padrinhos do evento. A confusão durou dois dias depois, na palestra de Menotti del Picchia ("Queremos luz, ar, ventiladores, aeroplanos, reivindicações obreiras, idealismos, motores, chaminés de fábricas, sangue, velocidade e sonho na nossa arte", disse ele). A conferência abriu claramente a caça ao "passadismo", a plateia se conteve e não vaiou. Minutos depois houve uma vaia estrondosa.
Os modernistas não foram vítimas inocentes, as vaias faziam parte do
espetáculo, alguns estudiosos acham que os modernistas contrataram gente para
uivar contra eles. A vaia era o mais caro sinal de reconhecimento.
O Manifesto Antropofágico - Um fato importante pela polêmica que provocou foi a exposição de
pintura moderna feita por Anita Malfatti nos meses de dezembro de 1917 e
janeiro de 1918, em São Paulo. A pintura teve importância fundamental não
apenas no advento da Semana de Arte Moderna como também na eclosão de todo o
movimento modernista que veio a seguir. Voltando de uma viagem à Europa e aos
Estados Unidos, onde entrara em contato com a arte moderna, Anita Malfatti,
incentivada por alguns amigos, resolveu expor suas últimas obras. No acanhado
meio artístico paulistano, a exposição provocou comentários variados, tanto a
favor como contra. Entretanto o que realmente desencadeou a polêmica em torno
não só da pintora mas principalmente da questão da validade da nova arte, foi
um artigo escrito por Monteiro Lobato, que ficou conhecido por "Paranoia
ou mistificação?"
Essa crítica precipitada de Monteiro Lobato provocou ressentimentos em
Anita Malfatti e, ao mesmo tempo, despertou uma atitude de simpatia de um grupo
de artistas jovens com relação a ela, resultando manifestações de repúdio às
concepções tradicionalistas de arte.
Abaporu, o antropófago, obra de Tarsila
do Amaral - amiga de Anita Malfatti e apoiava o movimento modernista.
O Homem amarelo, de Anita Malfatti,
obra considerada feia e de mal gosto pelos tradicionalistas.
Principais autores e obras:
Mário
de Andrade - Foi um pesquisador que se interessou
pelas mais variadas manifestações artísticas. Professor de piano, estudou e
escreveu sobre folclore, música, pintura e literatura, sendo um dos mais
dinâmicos batalhadores pela renovação da arte brasileira. De toda sua obra
destacam-se:
Poesia: - Há uma gota de sangue em cada poema, Paulicéia desvairada, Losango
cáqui, Clã do jabuti, Remate de males;
Prosa: - Primeiro andar; Amar, verbo intransitivo; Macunaíma; Belazarte;
Contos Novos; A escrava que não é Isaura; Aspectos da literatura brasileira; O
empalhador de passarinho.
Macunaíma - É chamado de
rapsódia (inspiração folclórica) por Mário de Andrade, o livro é construído a
partir de uma série de lendas a que se misturam superstições, provérbios e
anedotas. O tempo e o espaço não obedecem a regras de verossimilhança e o
fantástico se confunde com o real durante toda a narrativa.
O material de que se serviu o autor, é de origem europeia, ameríndia e
negra, pois Macunaíma nasce índio-negro, fica depois de olhos azuis. A ausência
de caráter do "herói", sua preguiça e malícia, seu individualismo,
tudo isso pode ser visto como o resultado confuso de várias influências
culturais mal assimiladas, nesse sentido Macunaíma passa a constituir uma
espécie de personificação do Brasil.
O enredo central, frequentemente interrompido pela narração de
"casos" ou lendas, é bem simples: Macunaíma tenta reaver o amuleto
que ganhara de sua mulher Ci, Mãe do Mato, único amor sincero de sua vida, e
que por desgosto pela morte do filho pequeno subiu aos céus e transformou-se na
estrela Beta do Centauro. Macunaíma perdera esse amuleto prodigioso que ficou
em poder do gigante Piaimã que se encontrava em São Paulo. Depois de vária
façanhas junto com seus irmãos Maanape e Jiguê, recupera o amuleto (a
muiraquitã). Após mais algumas aventuras, agora sozinho pois os irmãos haviam
morrido, Macunaíma enganado pela Uiara (divindade que vive nos rios e lagos) ,
perde a muiraquitã e fica todo machucado, perdendo uma perna.
Desiludido, resolve abandonar este mundo e subir aos céus, onde é
transformado em constelação. É um herói capenga que se aborrecia de tudo, vaga
solitário no campo vasto do céu.
Oswald de Andrade - A poesia de Oswald
de Andrade é um exemplo de renovação na linguagem literária. Fugindo aos
modelos literários da época, ele construiu uma poesia original, com muito humor
e ironia, numa linguagem coloquial que surpreende pela maestria com que o autor
soube utilizar as potencialidades da língua portuguesa. A poesia de Oswald de
Andrade repudia o purismo, a linguagem quotidiana está incorporada às suas
poesias, não gostava de obedecer e copiar os padrões tradicionalistas.
Poesia: Pau-Brasil; Primeiro caderno do aluno de poesia de Oswald de Andrade; Poesias reunidas.
Prosa: Memórias sentimentais de João Miramar; Serafim do exílio; Estrela de absinto; Marco Zero I - A revolução melancólica; Marco zero II - Chão.
Poesia: Pau-Brasil; Primeiro caderno do aluno de poesia de Oswald de Andrade; Poesias reunidas.
Prosa: Memórias sentimentais de João Miramar; Serafim do exílio; Estrela de absinto; Marco Zero I - A revolução melancólica; Marco zero II - Chão.
Teatro: O homem e o cavalo; A morta; O rei da vela.
Trechos do poema Pau-Brasil:
3 de maio
Aprendi com meu filho de dez anos
Que a poesia é a descoberta
Das coisas que eu nunca vi.
O verso livre, o tom de prosa, a
simplicidade da linguagem e a síntese, são os principais elementos de
modernidade deste poema metalinguístico, poesia sobre a poesia. Há sugestão de
poesia como ingenuidade, magia, liberdade, universo infantil (não há fronteira
entre sonho e liberdade).
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
A valorização da linguagem coloquial, próxima da vida, popular, opõe a gramática, o professor, o mulato sabido e o aluno.
O capoeira
-Qué apanhá sordado?
-O Quê?
-Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.
A ideia de luta é sugerida apenas por um diálogo rápido, tipicamente popular num estilo sintético. Este trecho foi construído com transposição de técnica de cinema, montagem de cenas na tentativa de descontinuidade para causar a impressão de imagens simultâneas para o texto literário.
Relicário
No baile da Corte
Foi o Conde d'Eu quem disse
Pra Dona Benvinda
Que farinha de Suruí
Pinga de Parati
Fumo de Baependi
É comê bebê pitá e caí
Este trecho do poema é representativo da proposta Pau-Brasil de poesia de exportação. Reconta momentos significativos da história do Brasil de maneira irônica.
Manuel Bandeira - Sua linguagem coloquial e irônica atinge maior grau em Libertinagem. A ânsia de libertação e ausência dolorosa de figuras familiares estão presentes em "Vou-me embora pra Pasárgada", "Poema de Finados", "Evocação de Recife", "Profundamente". Nas outra obras, apareceram o desenvolvimento das linhas temáticas como saudade da infância, a presença da morte, a fugacidade da vida e do amor.
Poesia: A cinza das horas; Carnaval; Ritmo dissoluto; Libertinagem; Estrela da manhã; Lira dos cinquent'anos; Mafuá do malungo etc.
Prosa: Crônicas da província do Brasil; Itinerário de Pasárgada; Andorinha, andorinha; Os reis vagabundos e mais 50 crônicas.
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
A valorização da linguagem coloquial, próxima da vida, popular, opõe a gramática, o professor, o mulato sabido e o aluno.
O capoeira
-Qué apanhá sordado?
-O Quê?
-Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.
A ideia de luta é sugerida apenas por um diálogo rápido, tipicamente popular num estilo sintético. Este trecho foi construído com transposição de técnica de cinema, montagem de cenas na tentativa de descontinuidade para causar a impressão de imagens simultâneas para o texto literário.
Relicário
No baile da Corte
Foi o Conde d'Eu quem disse
Pra Dona Benvinda
Que farinha de Suruí
Pinga de Parati
Fumo de Baependi
É comê bebê pitá e caí
Este trecho do poema é representativo da proposta Pau-Brasil de poesia de exportação. Reconta momentos significativos da história do Brasil de maneira irônica.
Manuel Bandeira - Sua linguagem coloquial e irônica atinge maior grau em Libertinagem. A ânsia de libertação e ausência dolorosa de figuras familiares estão presentes em "Vou-me embora pra Pasárgada", "Poema de Finados", "Evocação de Recife", "Profundamente". Nas outra obras, apareceram o desenvolvimento das linhas temáticas como saudade da infância, a presença da morte, a fugacidade da vida e do amor.
Poesia: A cinza das horas; Carnaval; Ritmo dissoluto; Libertinagem; Estrela da manhã; Lira dos cinquent'anos; Mafuá do malungo etc.
Prosa: Crônicas da província do Brasil; Itinerário de Pasárgada; Andorinha, andorinha; Os reis vagabundos e mais 50 crônicas.
Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três -
- Trinta e três...trinta e três...trinta e três...
- Respire...
...............................................................
O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três -
- Trinta e três...trinta e três...trinta e três...
- Respire...
...............................................................
O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
(Libertinagem)
Este é um poema que tematiza a tuberculose, que assombrou toda a vida de Manuel Bandeira, criando a expectativa da morte. Os versos em prosa intercalam causa e consequência: Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos, os sintomas concretos da doença.
O epsódio do médico, exemplo da presença da matéria normalmente antipoética, a ironia trágica e desesperada, mas mesmo assim lírica, delicada. No final pneumotórax , única esperança de cura é sugerido tocar um tango argentino é assumir poeticamente que não há cura possível e assim preparar-se para a morte.
Este é um poema que tematiza a tuberculose, que assombrou toda a vida de Manuel Bandeira, criando a expectativa da morte. Os versos em prosa intercalam causa e consequência: Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos, os sintomas concretos da doença.
O epsódio do médico, exemplo da presença da matéria normalmente antipoética, a ironia trágica e desesperada, mas mesmo assim lírica, delicada. No final pneumotórax , única esperança de cura é sugerido tocar um tango argentino é assumir poeticamente que não há cura possível e assim preparar-se para a morte.
Antônio
de Alcântara Machado - Antônio de Alcântara Machado não
participou da Semana de 22, mas foi um dos mais ativos escritores do movimento
modernista tendo colaborado nas revistas Terra Roxa, Outras Terras, Revista de
Antropofagia e Revista Nova.
Antônio de Alcântara Machado, ao se interessar por essa vida quotidiana tão ausente de nossa literatura, realizava uma das aspirações do Modernismo, que era o desejo de representar a nova realidade social e urbana do começo do século XX.
Antônio de Alcântara Machado, ao se interessar por essa vida quotidiana tão ausente de nossa literatura, realizava uma das aspirações do Modernismo, que era o desejo de representar a nova realidade social e urbana do começo do século XX.
Deixou um romance
inacabado (Ana Maria), crônicas (Pathé Baby e Cavaquinho e Saxofone) e contos
(Brás, Bexiga e Barra Funda e Laranja da China) que foram reunidos no livro Novelas Paulistanas.
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