quinta-feira, 28 de outubro de 2010

LITERATURA E TEATRO

LITERATURA



1.INTRODUÇÃO

"Arte Literária é mimese (imitação); é a arte que imita pela palavra." (Aristóteles, Grécia Clássica);

1.1Poesia

Provavelmente a mais antiga das formas literárias, a poesia consiste no arranjo harmônico das palavras. Geralmente, um poema organiza-se em versos, caracterizados pela escolha precisa das palavras em função de seus valores semânticos (denotativos e, especialmente, conotativos) e sonoros. É possível a ocorrência da rima, bem como a construção em formas determinadas como o soneto e o haikai. Segundo características formais e temáticas, classificam-se diversos gêneros poéticos adotados pelos poetas.

1.2Peças de Teatro

O teatro, forma literária clássica, composta basicamente de falas de um ou mais personagens, individuais (atores e atrizes) ou coletivos (coros), destina-se primariamente a ser encenada e não apenas lida. Até um passado relativamente recente, não se escrevia a não ser em verso. Na tradição ocidental, as origens do teatro datam dos gregos, que desenvolveram os primeiros gêneros: a tragédia e a comédia.

Mudanças vieram: novos gêneros, como a ópera, que combinou esta forma com (pelo menos) a música; inovações textuais, como as peças em prosa; e novas finalidades, como os roteiros para o cinema.

A imensa maioria das peças de teatro está baseada na dramatização, ou seja, na representação de narrativas de ficção por atores encarnando personagens. Que por acaso não podem se dar bem com filmes, pois os filmes são muito diferentes de teatros que não nos possibilitam ver alem do certo, que não nos permitem interpretar.

Elas podem ser:

Tragédia

Drama

Comédia

Ópera

1.3Ficção em Prosa

A literatura de ficção em prosa, cuja definição mais crua é o texto "corrido", sem versificação, bem como suas formas, são de aparição relativamente recente. Pode-se considerar que o romance, por exemplo, surge no início do século XVII com Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes Saavedra.

Subdivisões, aqui, dão-se em geral pelo tamanho e, de certa forma, pela complexidade do texto. Entre o conto, "curto", e o romance, "longo", situa-se por vezes a novela.


2. GÊNEROS LITERÁRIOS

A linguagem é o veículo utilizado para se escrever uma obra literária. Escrever obras literárias é trabalhar com a linguagem. Os Gêneros Literários são as várias formas de trabalhar a linguagem, de registrar a história, e fazer com que a essa linguagem seja um instrumento de conexão entre os diversos contextos literários que estão dispersos ao redor do mundo.

Gênero literário (mais amplamente conhecido como Gêneros literários) é geralmente dividido, desde a antigüidade, em três grupos: narrativo ou épico, lírico e dramático. Essa divisão partiu dos filósofos da Grécia antiga, Platão e Aristóteles, quando iniciaram estudos para o questionamento daquilo que representaria o literário e como essa representação seria produzida. Essas três classificações básicas fixadas pela tradição englobam inúmeras categorias menores, comumente denominadas subgêneros.

O gênero lírico se faz, na maioria das vezes, em versos. Entretanto, os outros dois gêneros — o narrativo e o dramático — também podem ser escritos nessa forma, embora modernamente prefira-se a prosa

Todos as modalidades literárias são influenciadas pelas personagens, pelo espaço e pelo tempo. Todos os gêneros podem ser não-ficcionais ou ficcionais. Os não-ficcionais baseiam-se na realidade, e os ficcionais inventam um mundo, onde os acontecimentos ocorrem coerentemente com o que se passa no enredo da história.

2.1Gênero Narrativo

O gênero narrativo nada mais faz do que relatar um enredo, sendo ele imaginário ou não, situado em tempo e lugar determinados, envolvendo uma ou mais personagens, e assim o faz de diversas formas. As narrativas utilizam-se de diferentes linguagens: a verbal (oral ou escrita), a visual (por meio da imagem), a gestual (por meio de gestos), além de outras.

Quanto à estrutura, ao conteúdo e à extensão, pode-se classificar as obras narrativas em romances, contos, novelas, poemas épicos, crônicas, fábulas e ensaios. Quanto à temática, às narrativas podem ser histórias policiais, de amor, de ficção e etc.

Todo texto que traz foco narrativo, enredo, personagens, tempo e espaço, conflito, clímax e desfecho é classificado como narrativo.



2.1.1Textos narrativos

Seguem, abaixo, modalidades textuais pertencentes ao gênero narrativo.

Romance: é um texto completo, com tempo, espaço e personagens bem definidos de carácter verossímil.

Fábula: é um texto de carácter fantástico que busca ser inverossímil (não tem nenhuma semelhança com a realidade). As personagens principais são animais ou objetos, e a finalidade é transmitir alguma lição de moral.

Epopéia ou Épico: é uma narrativa feita em versos, num longo poema que ressalta os feitos de um herói ou as aventuras de um povo. Três belos exemplos são Os Lusíadas, de Luís de Camões, Ilíada e Odisséia, de Homero.

Novela: é um texto caracterizado por ser intermediário entre a longevidade do romance e a brevialidade do conto. O personagem se caracteriza existencialmente em poucas situações. Como exemplos de novelas, podem ser citadas as obras O alienista, de Machado de Assis, e A metamorfose, de Kafka.

Conto: é um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa, que conta situações rotineiras, anedotas e até folclores (conto popular). Caracteriza-se por personagens previamente retratados. Inicialmente, fazia parte da literatura oral e Boccaccio foi o primeiro a reproduzi-lo de forma escrita com a publicação de Decamerão.

Crônica: é uma narrativa informal, ligada à vida cotidiana, com linguagem coloquial, breve, com um toque de humor e crítica.

Ensaio: é um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado. Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político, social, cultural, moral, comportamental, literário, etc.), sem que se paute em formalidades como documentos ou provas empíricas ou dedutivas de caráter científico.

2.2 Gênero Lírico

É na maioria das vezes expressa pela poesia. Entretanto é de grande importância realçar que nem toda poesia pertence ao gênero lírico. Esse gênero preocupa-se principalmente com o mundo interior de quem escreve o poema, o eu-lírico, que pode ser também chamado de sujeito lírico, voz lírica ou voz poética. Os acontecimentos exteriores funcionam como estímulo para o poeta escrever. O que é fundamental em um poema é o trabalho com as palavras, que dá margem à compreensão da emoção, dos pensamentos, sentimentos do eu-lírico e, muitas vezes, levam à reflexão, portanto, sendo geralmente escrito na primeira pessoa do singular.

Na poesia moderna encontram-se muitas manifestações poéticas que criticam a realidade social em que ela está inserida e onde está circulando. Um dos papéis mais importantes do poema é manter viva a experiência histórica da humanidade e registrar os preceitos das épocas que vão se transformando.

No entanto, mesmo quando na poesia o escritor fala da sua experiência e/ou do seu tempo, ele o faz de uma forma diferenciada daquela que geralmente se encontra nos registros dos outros gêneros textuais; nesse caso, o poeta faz uso da memória da linguagem de um passado presente, que se alimenta, entre outras coisas, do inconsciente. A importância da palavra no poema é tão relevante que é possível aproveitar toda a riqueza fonética, morfológica e sintática da língua e, através dela, constroem-se várias maneiras de provocar sensações no íntimo do leitor. Devido a essa intensidade de expressão, as obras líricas tendem a ser breves e a acentuar o ritmo e a musicalidade da linguagem.

2.2.1 Textos líricos

Seguem, abaixo, modalidades textuais pertencentes ao gênero lírico.

Ode: é um texto de cunho entusiástico e melódico, em geral, uma música.

Hino: é um texto de cunho glorificador ou até santificador. Os hinos de países e as músicas religiosas são exemplos de hinos.

Soneto: é um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quartetos e dois tercetos, com rima geralmente em A-B-A-B A-B-B-A C-D-C D-C-D.

Haicai ou Haiku: é uma forma de poesia japonesa, sem rima, constituídos normalmente por três versos na ordem de 5-7-5 sílabas.

2.3. Texto Dramático

É composto de textos que foram escritos para serem encenados em forma de peça de teatro. Para o texto dramático se tornar uma peça, ele deve primeiro ser transformado em um roteiro, para depois poder ser transformado em um texto do gênero espetacular.

É muito difícil ter definição de texto dramático que o diferencie dos demais gêneros textuais, já que existe uma tendência atual muito grande em teatralizar qualquer tipo de texto. No entanto, a principal característica do texto dramático é a presença do chamado texto principal, composto pela parte do texto que deve ser dito pelos autores na peça e que, muitas vezes, é induzido pelas indicações cênicas, rubricas ou didascálias, texto também chamado de secundário, que informa os atores e o leitor sobre a dinâmica do texto principal. Por exemplo, antes da fala de um personagem é colocada a expressão: «com voz baixa», indicando como o texto deve ser falado.

Já que não existe narrador nesse tipo de texto, o drama é dividido entre as duas personagens locutoras, que entram em cena pela citação de seus nomes.

"Classifica-se de drama toda peça teatral caracterizada por seriedade, ou solenidade, em oposição à comédia propriamente dita".

2.4. Subclassificações dos gêneros

A noticia é um exemplo de texto não literário.

Elegia – é um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a morte é elevada como o ponto máximo do texto. Um bom exemplo é a grande peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare.

Epitalâmio – é um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites românticas com poemas e cantigas. Um bom exemplo de epitalâmio é a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais.

Sátira – é um texto de caráter ridicularizador, podendo ser também uma crítica indireta a algum fato ou a alguém. Uma piada é um bom exemplo de sátira.

Farsa – é um texto onde os personagens principais podem ser duas ou mais pessoas diferentes e não serem reconhecidos pelos feitos dessa pessoa.

Tragédia – representa um fato trágico e tende a provocar compaixão e terror.

2.5

Comédia

Comédia musical

Commedia dell'arte

Drama

Melodrama

Mistério

Pantomima

Romance

Tragicomédia

Teatro de marionetes

Teatro de máscaras

Vaudeville

Performance

2.5.1 Comédia

A comédia é o uso de humor nas artes cênicas. Também pode significar um espetáculo que recorre intensivamente ao humor. De forma geral, "comédia" é o que é engraçado, que faz rir.

No surgimento do teatro, na Grécia, a arte era representada, essencialmente, por duas máscaras: a máscara da tragédia e a máscara da comédia. Aristóteles, em sua Arte Poética, para diferenciar comédia de tragédia diz que enquanto esta última trata essencialmente de homens superiores (heróis), a comédia fala sobre os homens inferiores (pessoas comuns da pólis). Isso pode ser comprovado através da divisão dos júris que analisavam os espetáculos durante os antigos festivais de Teatro, na Grécia. Ser escolhido como jurado de tragédia era a comprovação de nobreza e de representatividade na sociedade. Já o júri da comédia era formado por cinco pessoas sorteadas da plateia.

Porém, a importância da comédia era a possibilidade democrática de sátira a todo tipo de ideia, inicialmente política. Assim como hoje, em seu surgimento, ninguém estava a salvo de ser alvo das críticas da comédia: governantes, nobres e nem ao menos os Deuses (como pode ser visto, por exemplo, no texto As Rãs, de Aristófanes).

Hoje a comédia encontra grande espaço e importância enquanto forma de manifestação crítica em qualquer esfera: política, social, econômica. Encontra forte apoio no consumo de massa e é extremamente apreciada por grande parte do público consumidor da indústria do entretenimento.

Assim, atualmente, não há grande distinção entre a importância artística da tragédia (mais popularmente conhecida simplesmente como drama) ou da comédia. Em defesa do gênero, o crítico de artes Rubens Ewald Filho lembra o ditado: "Morrer é fácil, difícil é fazer comédia". De fato, entre os artistas, reconhece-se que para fazer rir é necessário um ritmo (conhecido como timing) especial que não é dominado por todos.

É difícil analisar, cientificamente, o que faz uma pessoa rir ou o que é engraçado ou não. Mas uma característica reconhecida da comédia é que ela é uma diversão intensamente pessoal. Para rir de um fato é necessário re/conhecer (rever, tornar a conhecer) o fato como parte de um valor humano - os homens comuns - a tal ponto que ele deixa de ser mitológico, ameaçador e passa a ser banal, corriqueiro, usual e pode-se portanto rir dele. As pessoas com frequência não conseguem achar as mesmas coisas engraçadas, mas quando o fazem isso pode ajudar a criar laços poderosos.

Uma das principais características da comédia é o engano. Frequentemente, o cômico está baseado no facto de uma ou mais personagens serem enganadas ao longo de toda a peça. À medida que a personagem vai sendo enganada e que o equívoco vai aumentando, o público (que sabe de tudo) vai rindo cada vez mais.

2.5.2 Teatro Musical

Teatro musical é um estilo de teatro que combina música, canções, dança, e diálogos falados. Esta delimitada por um lado pela sua co-relação com a ópera e por outro pelo cabaré, os três apresentam estilos diferentes, mas suas linhas delimitantes muitas vezes são difíceis de conceituar.

Existem três componentes para um musical: a música, interpretação teatral e o enredo. O enredo de um musical refere-se a parte falada (não cantada) da peça; entretanto, o "enredo" pode também se referir a parte dramática do espetáculo. Interpretação teatral se relaciona as performances de dança, encenação e canto. A música e a letra juntas formam o escopo do musical; as letras e o enredo são frequentemente impressos como um libreto.

O teatro musical no mundo tem sinônimos como Teatro de Revista (Brasil), Comédie musicale (França).

É muito comum ao teatro musical que os trabalhos que tenham sucesso sejam usado no cinema ou adaptados para televisão. Por outro lado alguns programas populares de televisão tem um ou outro episódio ao estilo de um musical como uma peça dentro de seu formato normal(exemplos incluem episódios de Fama,Ally McBeal, Buffy the Vampire Slayer's no episódio Once More with Feeling, Oz's Variety. Se percebe facilmente isso quando repentinamente os personagens começam a cantar e dançar como se estivessem em um teatro musical durante o episódio, outros exemplos em animação são os episódios de The Simpsons, South Park e Family Guy) -- a série televisiva Cop Rock, onde são extensamente usados os formatos musicais, não foi um sucesso.

Mesmo o teatro musical esteja espalhado pelo mundo todo, suas produções são elaboradas muito frequentemente na Broadway em New York, no West End em Londres, e na França.

Um musical pode durar uns poucos minutos ou varias horas; entretanto, os mais populares musicais duram de duas horas à duas horas e quarenta e cinco minutos. Musicais hoje são normalmente apresentados com um intervalos de quinze minutos de duração; no primeiro ato, é quase sempre de idêntica duração o segundo. Um musical tem normalmente por volta de vinte a trinta canções de vários tamanhos (incluindo uma reprise e adaptação para coral) entre as cenas com diálogos. Alguns musicais , entretanto, tem cancões entrelaçadas e não tem diálogos falados. Esta é uma das linhas fronteiriças entre musicais e ópera, mas não é a única.

Outras diferenças entre ópera e musical é que enquanto a ópera costuma ser apresentada em sua língua original, o musical geralmente é traduzido para a língua nativa de onde está sendo apresentado. Numa ópera geralmente o elenco se divide entre cantores, atores e bailarinos, enquanto que, no musical, cada artista deve executar as três funções.

Um momento de grande emoção dramática é frequentemente encenado numa canção. Proverbialmente, "quando a emoção torna-se tão forte no discurso, você canta; quando ela se torna tão forte na canção, você dança." Uma canção deve ser adaptada ao personagem (ou personagens) e na sua situação dentro do enredo. Um show normalmente se abre com uma canção que dá o tom ao musical, introduz de alguma forma os personagens principais, e mostra o enfoque da peça. Dentro da concentrada natureza do musical, os autores devem desenvolver os personagens e o planejamento.

A música apresenta uma forma excelente de expressar a emoção. Entretanto, na média, poucas palavras são cantadas nestes cinco minutos de canção. Portanto existe pouco tempo para desenvolver o drama que transcorre durante a peça, desde que um musical pode ter uma hora e meia ou mais de música.

2.5.3 Commedia dell'arte

A commedia dell'arte foi uma forma de teatro popular improvisado, que começou no séc. XV na Itália e se desenvolveu posteriormente na França e que se manteve popular até o séc. XVIII. A “Commedia dell’arte” vem se opor à “Comédia Erudita”, também sendo chamada de “Commedia All’improviso” e “Commedia a Soggetto”. Esta forma ainda sobrevive através de alguns grupos de teatro.

Suas apresentações eram feitas pelas ruas e praças públicas. Ao chegarem à cidade pediam permissão para se apresentar, em suas carroças ou em pequenos palcos improvisados. As companhias de commedia dell’arte eram itinerantes e possuíam uma estrutura de esquema familiar. Seguiam apenas um roteiro, que se denominava “canovaccio”, mas possuindo total liberdade de criação; os personagens eram fixos, sendo que muitos atores viviam exclusivamente esses papéis até a sua morte. Abaixo alguns exemplos.

Arlequín, 1671

Brighella, 1570

Colombina, 1683

Dottore, 1653

Pagliaccio, 1600

Pantalone, 1550



2.5.4 Drama

A palavra drama origina-se na Grécia Antiga significando ação.

Aristóteles, em sua Poética, divide a literatura de sua época, que se originara da forma oral, nos modos narrativo ou épico, dramático e misto. A partir desta análise, central em toda a análise dos gêneros literários, teóricos dividiram a literatura nos modos narrativo, dramático e lírico.

Drama é também usado como definição genérica de filmes, cinema, telenovelas, teatro, substituindo-se estes termos (ex: O drama de Ibsen, significando o teatro de Ibsen).

Significando «acção» em grego, a palavra drama vem associada à representação teatral na Poética de Aristóteles, por aí se distinguindo da epopeia, a outra forma literária igualmente assente na imitação (mimesis) de ações. Sendo esta obra aristotélica fundamentalmente uma poética do drama, é sobretudo a definição da tragédia que mais a ocupa, referindo o espetáculo (opsis) como o seu modo de imitação, e sendo os restantes cinco elementos que a compõem: a fábula (mythos), os caracteres (ethos) e o pensamento (dianoia) como constituindo a sua matéria; a elocução (lexis) e o canto (melos) configurando o seu meio de imitação.

Desde cedo, portanto, na teoria e na prática (da Grécia antiga), o drama surge nesta dupla articulação - com a literatura e com o teatro - embora a natureza, o sentido e a função dessa articulação tenham posteriormente variado de acordo com os tempos, as práticas artísticas e as proposições (e avaliações) estéticas. Decorrem no campo do literário das relações que se estabelecem entre os diferentes modos e gêneros literários, e decorrem no campo do teatral do que se entende ser a especificidade deste e do grau de intercepção que pode (ou não) operar na matéria literária, bem como da arquitetura teatral e dos códigos de representação cênica dominantes.

Apesar dos matizes que marcam esta articulação, drama é geralmente entendido como um texto escrito para teatro, graficamente registando a diferença entre didascálias (ou indicações cênicas) e réplicas (ou falas das personagens), o que, na opinião de Roman Ingarden (Das Literarische Kunstwerk, 1930: 1ª ed., 1960: 2ª ed., 1965: 3ª ed.), organiza, respectivamente, o texto secundário e o texto primário. Enquanto este se manifesta na elocução dos actores, o primeiro usa códigos não verbais, como gestualidade, mímica, coreografia, música, adereços, maquilhagem (ou caracterização), cenografia, luminotecnia, etc.

Num determinado momento histórico - concretamente a partir do século XVIII, com Nivelle de la Chaussée, Diderot (Entretiens sur «Le Fils Naturel», 1757) e Voltaire - drama consistiu, porém, num género específico de texto «sério» para teatro que procurava ultrapassar a distinção clássica entre tragédia e comédia, conjugando aspectos característicos de ambos (em termos de personagens e tipos de acção), e criando, deste modo, um universo mais próximo dos interesses, gostos e preocupações de um novo público, burguês, que constituía o que então se designava por «terceiro estado». Em Portugal surgiu para designar uma obra de teatro como o Teatro Novo de Correia Garção (1760), e dez anos mais tarde a sua Assembleia ou Partida, generalizando-se depois, como designação menos restritiva, nos últimos anos do século. Foi posteriormente conceito fulcral do teatro romântico, com Victor Hugo e, entre nós, com Almeida Garrett, por unir o grotesco e o sublime, prescindir do verso e adoptar a linguagem do quotidiano, preferir a matéria histórica, e enaltecer o sentimento e a liberdade individual, entre várias outras características.

Na sua relação com a literatura em geral, drama vem referido ao modo dramático, compondo, juntamente com o lírico e o épico (ou narrativo), a tríade que foi, a partir do Renascimento e durante algum tempo, incorrectamente atribuída a Aristóteles. Trata-se, com efeito, de uma elaboração teórica posterior à sua Poética, mas tem sido a mais repetidamente glosada, embora seguindo diferentes critérios para a sua repartição, bem como para o reconhecimento do sentido e valor dos seus componentes.

Na confrontação com os outros dois modos literários, o dramático tem sido ora menorizado, ora engrandecido. Menorizado porque entendido como incompleto sem a realização cénica e, por isso, simples guião ou rascunho sem existência autônoma, ou então porque nele participam elementos não puramente literários, configurando, portanto, um caso-limite da obra literária. Mas poetas como John Keats ou T.S. Eliot, advogando, em tempos diferentes e por razões e modos não absolutamente idênticos, a impessoalidade da poesia, defenderam a importância da articulação de uma outra voz que não a assumida expressão directa do sujeito poético, definindo, por isso, a superioridade do dramático. Não significa, porém, que considerassem a escrita de peças como o único processo de realização do dramático, antes admitiam que ele pudesse e devesse invadir o campo tradicional do lírico.

Neste sentido torna-se clara a variabilidade de critérios de definição e de avaliação dos modos literários, o que não impede o reconhecimento de um modelo mais ou menos geral de realização do dramático, que constitui a sua definição convencional, embora tenha permitido (como é regra de qualquer «contrato») a sua repetida transgressão e reformulação.

Elementos como personagens, diálogos e ação (referida esta ao conflito ou colisão de forças quer externas, quer internas às personagens) são, nessa conformidade, os elementos básicos de um universo ficcional que, diferentemente do narrativo, é composto para ser representado em palco. Por razões que se prendem com essa vocacionalidade cênica e com as normais expectativas de um público quanto ao tempo de duração de um espetáculo, a ação é geralmente mais concentrada (do que numa narrativa), o que não implica forçosamente a aceitação da «regra» das três unidades (de ação, tempo e lugar), lei esta supostamente aristotélica, mas de facto de fabricação renascentista, e dominante sobretudo na composição do drama neo-clássico.

Essa ideia de concentração condiciona, de algum modo, a intensificação do conflito, o que favoreceu a ideia de que o drama representa exemplarmente, e de forma objectiva, uma colisão de forças e uma situação de crise e exaltação, como o definiram Hegel (Äesthetik, 1820-1829, edição póstuma em 1835) e Etienne Souriau (Les deux cent mille situations dramatiques, 1950). Este último posiciona, por isso, o drama entre a vida e a consciência, como momento de entrevisão de forças obscuras que as figuras estruturais presentes no microcosmos da peça deixam pressentir, enquanto Hegel localiza na tragédia a colisão de direitos e valores opostos mas igualmente legítimos. Outros consideram que o drama é uma forma privilegiada de comentar a natureza humana, pelo que por ele o homem se engrandece ao adquirir uma consciência mais lúcida (Pierre Aimé Touchard, Le théâtre et l’angoisse des hommes, 1968), ao identificar um pronunciamento a respeito das relações entre os homens (Ronald Peacock, The Art of Drama, 1957) ou ao reconhecer nele aspectos fulcrais definidores de uma determinada cultura (Francis Fergusson, The Idea of a Theater, 1949).

Para além do sentido e valor que ao dramático podem assim ser atribuídos, há ainda a considerar os aspectos formais que se prendem à sua definição convencional e que, necessariamente, se foram relacionando com a arquitetura da cena e modos de funcionamento do sistema teatral (condicionando a sua função social e os códigos quer de representação dos atores, quer de configuração do lugar cênico, por exemplo), bem como com modelos composicionais que os diferentes tempos, escolas e estilos foram praticando. Estes abrangem elementos como o decoro (seguindo as razões de Aristóteles e os preceitos de Horácio na sua Arte Poética), a peripécia e a catástrofe, o coro, a presença de um Prólogo e Epílogo no início e fim do espetáculo, o solilóquio, o aparte, o quiproquó, o efeito de distanciação (ou estranhamento), etc., mas também se reportam aos variadíssimos gêneros e subgêneros que o dramático foi consentindo: tragédia, comédia, drama satírico, drama litúrgico, entremez, tragicomédia, sátira, drama histórico, farsa, comédia de costumes, comédia lacrimosa (larmoyante), melodrama, vaudeville, comédia de boulevard, comédia-bem-feita, drama estático, music-hall, teatro épico (decorrente da teorização de Erwin Piscator e Bertolt Brecht), comédia negra, farsa absurda, entre vários outros modelos.

Se no campo do literário o jogo de repartição e avaliação (de modos e gêneros) oscila desta maneira, idêntica hesitação encontramos no campo do teatral quando se confronta o texto com os outros elementos que compõem o espetáculo. Sabemos que os momos medievais, os improvisadores quinhentistas da commedia dell’arte, os atores de pantomima, os participantes de happenings e de teatro de rua nos anos 60 do século XX, ou de outras formas de teatro visual e performances não obrigam à existência de um texto fixo para se dizer em cena, mas apenas a apontamentos, roteiro ou «cenários» que serão desenvolvidos (com maior ou menor grau de improviso) no decurso do espetáculo. Todavia, a tradição erudita do dramático no teatro ocidental privilegiou o elemento literário (numa clara tendência logocêntrica visível já em Aristóteles), o que só veio a ser contestado no momento em que surgiu com alguma autonomia a figura do encenador, no final do século XIX.

Assim Edward Gordon Craig (On the Art of the Theatre, 1911) defendia uma arte do teatro verdadeiramente criadora e não apenas uma técnica interpretativa de textos, visionando a criação de obras primas teatrais a partir de elementos cênicos de que o espetáculo dispõe, pela conjugação da ação (o trabalho interpretativo do ator), das palavras (o corpo da peça), da linha e da cor (o específico da cena) e do ritmo (a essência da dança). E, num idêntico sentido de valorização do cênico, propôs Antonin Artaud um «teatro de crueldade», (Le théâtre et son double, 1938) argumentando em favor das potencialidades visuais e expressivas do teatro, recusando a primazia da literatura e da palavra, e sobrevalorizando a fisicalidade do ator, para melhor cumprir a sua visão de um teatro metafísico.

Do lado do teatral, e para além deste tipo de reivindicação dos encenadores, que teve seguidores importantes a partir dos anos 60 do século XX, há ainda a considerar a atividade, cada vez mais generalizada no teatro ocidental, do dramaturgista (que nem sempre coincide com o encenador), que opera sobre os textos para a cena, o que tem vindo a promover outros modos de escrita que não o dramático. Embora não seja esse o caso dominante, é hoje possível encontrar espetáculos que se baseiam em textos líricos, em textos narrativos e até mesmo em ensaios do campo da filosofia, da psicologia ou da sociologia. Trata-se, afinal, de livremente interpelar todos os materiais que o teatro admite, tanto no campo do literário como no do teatral, num jogo que pendularmente convoca a aceitação e a subversão do horizonte de expectativa que o dramático institui.



2.5.5 Melodrama

O termo melodrama tem significados muitas vezes contraditórios e é aplicado com diferentes significados a formas artísticas diversas e ocorrências variadas e/ou em distintas ocorrências dentro dos meios de comunicação de massas. Originário do grego μέλος = canto ou música + δράμα = ação dramática, refere-se, algumas vezes, a um efeito utilizado na obra, outras como estilo dentro da obra e outras como gênero. Existe desde o século XVII principalmente na ópera, no teatro, na literatura, no circo-teatro, no cinema, no rádio e na televisão. Ele será melhor entendido se reconhecermos algumas de suas diferenças nos meios ou formas artísticas em que ocorre.

a) Ópera

O melodrama na ópera teria surgido em 1774 como forma de inserir o texto falado ou recitativo na forma cantada. Ariadne auf Naxos (Ariadne em Naxos / Ariadne auf Naxos texto de Brandes e arranjos de Georg Anton Benda,1774) seria uma das primeiras tentativas desta relação musical. O melodrama operístico alemão tem esta característica. O iluminista francês Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), discutindo a ópera e sua transformação na França, utiliza uma definição que erroneamente tem sido utilizada para definir toda e qualquer forma melodramática. Num comentário a Alceste de Gluck, em 1777, Rousseau define melodrama como um procedimento onde a fala e a música, em vez de andarem juntas se alternam, quando uma frase musical anuncia e prepara a frase falada.

b) Teatro

Se na ópera este termo distingue uma forma ou estilo musical, o melodrama teatral surge oficialmente como gênero em 1800 com a obra Coeline de René-Charles Guilbert de Pixérécourt, definindo um tipo complexo de espetáculo cênico iniciado após a Revolução Francesa. Com forte influência do teatro das feiras e da pantomima utiliza máquinas, cenas de combate e danças para construção de suas cenas e conta, em sua construção dramática, com a alternância de elementos da tragédia e da comédia.

O melodrama teatral surgiu com grande sucesso de público em temporadas que, pela primeira vez na história do teatro, ultrapassaram as mil representações, isto o fez o primeiro gênero teatral de características internacionais. Seu fundador é o dramaturgo frances René-Charles Guilbert de Pixérécourt (1773-1844) e os principais representantes em outros países são: o inglês Thomas Holcroft (1745-1809) seu introdutor na Gran Bretanha, o alemão August Friederich von Kotzebue (1761-1819) e, nos Estados Unidos, Dion Boucicault (1822-1890).

Seu sucesso duradouro o tornou o principal gênero teatral e literário do século XIX e, posteriormente, fez com que o melodrama teatral fosse absorvendo e exportando elementos a todos os estilos, formas e gêneros artísticos que surgiram durante este período, principalmente o folhetim.

Ao final do século XIX, as novas propostas estéticas que surgiam, entre elas o naturalismo, acabaram negando muitas das formas super utilizadas de interpretação do melodrama, que foram consideradas anti-naturais, o que disseminou um excessivo valor negativo a tudo que fosse considerado melodramático, que se tornou sinônimo de uma interpretação exagerada, anti-natural, assim como de efeitos de apelo fácil à platéia. O início da cultura de massas no século XX veio trazer mais confusão a este gênero de sucesso.

c) Cinema

O melodrama no cinema aporta diferentes significados, os filmes de aventura e ação das duas primeiras décadas do século XX eram chamados de melodrama naquela época e foi o gênero de grande sucesso durante a fase muda do cinema, com grande influência do teatro popular e do vaudeville de onde vinham a maioria de seus artistas.

Por outro lado, na segunda metade do século XX, os filmes dirigidos a um certo público feminino, de características totalmente distintas dos filmes de ação, também foram chamados melodrama.

É comum nomear alguns elementos da técnica de interpretação de clown ou palhaço como melodrama. O clown utiliza-se algumas vezes do estilo melodramático como um recurso, uma paródia ou uma distorção, sendo que a interpretação do clown por outro lado pode se dirigir comumente a um estilo de interpretação contido, o que evita a gestualidade ou o exagêro "melodramático".

Com o surgimento das novelas de rádio e posteriormente as de televisão, o termo melodrama acabou se generalizando como um sinônimo de certo tipo de produção cultural que procura efeitos fáceis e conhecidos de envolvimento do público, com a utilização de fundos musicais que procuram induzir a platéia ao choro ou ao suspense, com um sentimentalismo exagerado.

d) Circo

O melodrama apresentado no circo brasileiro é uma forma constante de manifestação teatral circense que pode ocorrer entre as atrações do circo. De certa forma segue algo do estilo do melodrama teatral do final do século XIX, desenhado em ações, com conflitos polarizados, através de uma dramaturgia simples, baseada em conflitos familiares, atuado de uma forma grandiosa ou exagerada, tendo em vista os padrões de interpretação atuais que sublinham o natural.

2.5.6 Mistério

Mistério, em geral, é algo secreto, escondido, de significado ou causa oculta; um fenômeno que ocorre e não se tem conhecimento de quais as causas; algo que não se pode explicar.

Mistério vem do grego, mystérion, coisa secreta, tem relação com a ação de calar a boca; o verbo é mýein, fechar, se fechar, calar, mýstes, que se fecha, o que guarda segredo, o iniciado.

Com relação ao cinema e literatura, é sinônimo de histórias de suspense, onde os elementos ocultos vão se desenvolvendo no desenrolar da trama.


2.5.7 Pantomima

Pantomima é um teatro gestual que faz o menor uso possível de palavras e o maior uso de gestos. É a arte de narrar com o corpo. É uma modalidade cênica que se diferencia da expressão corporal e da dança, basicamente é a arte objetiva da mímica, é um excelente artifício para comediantes, cômicos, clowns, atores, bailarinos, enfim, os intérpretes.

Nesta modalidade, os pantomímicos precisam buscar a forma perfeita, a estética da linha do corpo, pois através do gesto tudo será dito, uma boa pantomima está na habilidade adquirida pelo pantomímico em se transfigurar no ato da interpretação, passando para a plateia todas as ações e mensagens pelos gestos. É uma das artes que exige o máximo do artista para que este receba o máximo de retorno do público, ou seja, a atenção da plateia para que a mensagem seja passada devidamente.

Por mais que seja difícil e trabalhoso introduzir a pantomima em um grupo que esteja acostumado com textos orais, sempre é possível criar através da gestualidade do corpo. A pantomima costuma impressionar e chamar a atenção da plateia; por ser de fácil assimilação, por chamar a atenção, por ser praticamente universal, ela é bastante utilizada.

2.5.7.1 História

Pode-se dizer que a pantomima é tão antiga quanto a dramaturgia, e ambas têm a mesma origem: Grécia Antiga. Foram encontrados indícios de pantomima também em rituais religiosos sumérios, hindus e egípcios, além dos gregos, há mais de cinco mil anos. Ao narrar epopéias e tentar transmitir sensações do divino, os sacerdotes acabavam demonstrando características pantomímicas, e isso era muito mais claro na Grécia. Esta foi a primeira semente pantomímica, a pantomima sagrada.

No século IV a.C., a Grécia helênica promove seus festivais dionisíacos. A tragédia é muito popular. Aristóteles escreveu em sua obra A Poética sobre o texto da tragédia e cita no primeiro parágrafo os mimos de Sófron e Siracusa, como uma expressão teatral, à parte, com a necessidade de uma denominação específica. Nos vasos jônicos é fácil de encontrar as pinturas retratando esses artistas que mimicavam os governantes locais ou os tipos populares engraçados. Essa foi a pantomima antiga.

O imperador romano Augusto promoveu os pantomímicos. Os festivais realizados no Palácio dos Esportes eram assistidos por 40.000 pessoas. Muito foi escrito sobre esse apogeu da pantomima. O poeta Livius Andronicus é considerado o primeiro one-man-show da história do teatro. Foi inventor da pantomima romana. Ele fez a ponte entre a pantomima grega e a latina. Também vale reportar a citação de Cícero sobre a interpretação de dois grandes pantomímicos romanos, Bathylle e Pylade, quando apresentaram suas versões para a tragédia grega Prometeu, de Ésquilo, - Como se existisse uma língua em cada ponta de seus dedos. Essa foi a pantomima clássica.

Após o obscuro período da Idade Média onde a Inquisição proibiu qualquer livre manifestação artística, surgiu na França em 1813 um genial pantomímico que reavivou o gênero. Jean-Gaspard Debureau criou o personagem Baptiste oriundo da família dos Piêrrots da comédia francesa. Elaborou um repertório e motivou o surgimento de um estilo romântico. Houve uma efervescência da pantomima romântica nos anos posteriores e por toda a Europa muitos artistas aprimoraram o estilo se apresentando em teatros, music-halls, boulevares e circos. Sua figura e estilo foi imortalizado no cinema pelo filme de Marcel Carné "Les Enfants du Paradise" (Boulevard du Crime, em português) onde o grande ator e mímico francês Jean Louis Barrault protagonizou. Já nos filmes de cinema mudo os pantomimos Chales Chaplin e Buster Keaton são os mais expressivos herdeiros desta pantomima. Essa foi à pantomima romântica.

No início do século XX as artes em geral tiveram seus conceitos e estéticas transformadas com rupturas aos conceitos tradicionais e o surgimento de novas tendências estéticas. Na França Etiênne Decroux começou a codificar uma gramática para o movimento corporal, resultando numa técnica que acabou sendo as diretrizes para o surgimento de um novo estilo de pantomima. O mais representativo pantomímico dessa técnica é Marcel Marceau que criou o personagem Bip e um repertório neo-clássico.

Hoje, essa técnica é identificável como uma linguagem de acessório nos trabalhos de vários artistas. Por exemplo, nas coreografias de Michael Jackson com seus passos de dança sem sair do lugar. Nas performances dos shows de ilusionismo dos mágicos, como David Cooperfield ou nas performances cinematográficas do clown inglês Mr. Bean. Essa é a pantomima moderna, a pantomima como se conhece atualmente.

Até em Chaplin, a pantomima era apenas o pantomímico e o palco vazio, tudo dependia da expressão, mas graças a ele hoje pode-se utilizar cenário, objetos e figurino, pois era impossível fazer uma pantomima cinematográfica sem recursos cênicos.

No Brasil a técnica da mímica chega em 1952 através do ator, tradutor, diretor e mímico português Luís de Lima que encena o primeiro mimodrama - O ESCRITURÁRIO e ministra inúmeras oficinas e cursos de mímica pelo Brasil influenciando e criando uma nova geração de mímicos. Paralelo a isso a presença de Marceal Marceau com suas turnês influencia da mesma forma. Brasileiros precursores da década de 70 são Ricardo Bandeira, Juarez Machado, Denise Stoklos e dessa nova geração Josué Soares, Luiza Monteiro, Vicentini Gomes, Fernando Vieira, Alberto Gaus, Jiddu Saldanha, Sérgio Bicudo, Toninho Lobo, Alvaro Assad, Marcio Moura, Melissa Teles-Lôbo,…

A pantomima também tem sido utilizada por muitos grupos cristãos para promover sua fé, dentre os quais destaca-se a fundação norte-americana Jocum (Jovens Com uma Missão) que é uma das pioneiras neste tipo de pantomima cristã.

2.5.7.1Figurino

A pantomima obedece ao objetivo de chamar a atenção, impressionar, impactar e transmitir a palavra da maneira mais fácil possível para os espectadores, isto faz do figurino acessório importante para a apresentação de uma pantomima de qualidade – isto é, uma pantomima que tenha o máximo de retorno.

Existem algumas maneiras de se utilizar o figurino. Nos grupos de pantomima cristãos, costuma-se utilizar dois tipos: padronização e casualidade. Ambas são muito utilizadas por diferentes grupos que apresentam diferentes gostos, por exemplo, a oficina de teatro do ministério Ajores trabalha somente com a padronizada, uma questão de gosto do diretor e seus integrantes.

A casualidade é quando numa determinada peça utiliza-se uma determinada roupa, exemplo: num papel de uma menina, se veste uma roupa de menina, assim como no teatro dramático.

Na padronização é diferente, costuma-se fazer um acordo com o grupo e decidir permanentemente como será o figurino das personagens (demônios, satanás, anjos, Deus, Jesus, etc,), seguindo uma padronização, como por exemplo: os personagens Jesus, Deus e anjos vestem roupas todas brancas, porém anjos com asas, Jesus e/ou Deus com um manto maior e mais longo, os demônios, pessoas comuns e satanás podem vestir roupas pretas, porém satanás com um manto longo e negro (a maquiagem também pode ser utilizada para caracterizar as personagens).

Independente da opção de figurino, a pantomima não pode ser ambígua nem confusa, deve ser acessível a todos e direta, o figurino não pode causar dúvidas no público, deve ser algo que quando o espectador assistir reconheça imediatamente qual personagem está sendo representado.

2.5.7.3 Maquiagem

A maquiagem na pantomima é tão importante quanto o figurino, é com ela que se diferenciam as personagens. A maquiagem é capaz de transmitir muita informação se feita com cuidados.

A maquiagem perfeita, que é utilizada para retratar machucados, cicatrizes, etnia, e outros pode ser deixada apenas para o teatro dramático, para a pantomima a maquiagem deve ser clara e direta, sem ter compromisso com a perfeição, pois a pantomima é uma arte completamente abstrata, e assim segue a maquiagem com ela.

Os grupos de pantomima cristãos costumam padronizar o tipo de maquiagem. A respeito das tintas, sugere-se três opções. A primeira seria pasta d’água, porém esta pode manifestar alergia em alguns atores, por isto sugere-se a pasta d’água de farmácia de manipulação que é completamente antialérgica, a segunda opção é panqueique e a terceira tinta facial infantil, disponível em todas as cores e todas antialérgicas. Todas estas tintas são removíveis com água e facilmente diluídas.

Durante a maquiagem deve-se ter cuidado com os olhos. Maquiar perto demais dos olhos pode correr o risco de um contato e haver sérias complicações, além de estragar o espetáculo. Portanto, cuidado com os olhos e deve-se pedir para alguém mais experiente passar lápis de olho nos atores, assim a maquiagem não precisa chegar no olho e não fica um buraco sem maquiagem abaixo do olho.

2.5.7.4Expressão facial

A técnica de um pantomímico é considerada boa ou má à medida que ele é capaz de usar gestos e sinais corporais para se comunicar com o público. Com a popularização do cinema falado e consequente perda dos aspectos não-verbais da representação, muitos pantomímicos caíram na obscuridade.

A expressão facial é de extrema importância na pantomima, afinal não costuma-se falar na pantomima, portanto grande parte da mensagem será transmitida pelo rosto. Por isto temos que conhecer nosso rosto.

Um excelente conselho é fazer expressões faciais de felicidade, tristeza, raiva, amor, compaixão, medo, angústia, espanto, etc em frente a um espelho. Nesta hora pode-se moldar a expressão facial a vontade, e se a expressão de feliz está parecida com um idiota alegre, podes-se treinar mais, até o ator convencer a si próprio de que está feliz. Também é importante que o grupo de pantomima chame a atenção dos pantomímicos que não estejam com uma boa expressão, sugerindo melhoras e pedindo para recomeçar. Não importa quantas vezes o ensaio recomece, deve-se aproveitar o ensaio para este tipo de correção.

“Uma pessoa feliz é aquela que está sorrindo, certo? Errado”. Somente em expressões com sorriso podere-se citar ao menos cinco e todos com emoções distintas. As crianças costumam ser aconselhadas por suas avós a “fazer uma cara feliz”, “dar um grande sorriso” e “mostrar os dentes brancos maravilhosos” ao conhecer uma pessoa. A vovó sabia, no plano da intuição, que isso causaria nos outros uma boa impressão. Os primeiros estudos científicos sobre o sorriso que se tem notícia foram os do cientista francês Guillaume Duchenne de Boulogne, no início do século XIX. Boulogne descobriu que os sorrisos são controlados por dois conjuntos de músculos: os zigomáticos maiores, que percorrem todo o lado do rosto e se conectam com os cantos da boca, e os orbiculares ópticos, que puxam os olhos para trás. Os zigomáticos maiores puxam a boca para os lados, expondo os dentes e alargando as bochechas, ao passo que os orbiculares ópticos estreitam os olhos e produzem os pés-de-galinha. É importante entender o funcionamento desses músculos, porque os zigomáticos maiores são conscientemente controlados – são usados para produzir falsos sorrisos de satisfação que dão a impressão de cordialidade e subordinação. Os orbiculares ópticos que atuam independentemente, revelam os sentimentos que há por trás de um sorriso verdadeiro. Portanto, a primeira coisa que o público procura inconscientemente para saber se seu sorriso é verdadeiro são os pés de galinhas. É importante o grupo lembrar o ator de forçar os olhos ao sorrir, assim o sorriso fica com ar de felicidade.

Para um sorriso, não basta apenas um movimento com a boca, os olhos influenciam significantemente o sorriso, e pode-se reparar no espelho que o sorriso bem dado é capaz até de levantar as orelhas, curvar as sobrancelhas e esticar o nariz, por isso se sorri com o rosto, e não apenas com a boca. Esta regra vale para qualquer emoção. “Uma pessoa zangada é aquela que está com as sobrancelhas franzidas, certo? Errado também!” Analise o contexto, o rosto todo deve dizer que a pessoa esta zangada, a boca com ar sério, os olhos levemente arregalados e atesta um pouco franzida. Um sorriso com as sobrancelhas franzidas é sinal de felicidade ou de ira? De nada. Isso não existe! Cuidado para a expressão não deixar o público confuso.

Uma expressão bem feita, treinada, conscientizada e nítida é muito eficaz, diz muito sobre o personagem, vale apenas lembrar que o rosto não é um conjunto de partes, é o todo, e o todo deve passar a emoção, e não apenas uma parte.

2.5.7.5 Expressão corporal

Pouco importa um rostinho bonitinho se o corpo diz o contrário, a postura e a posição dizem muito para a plateia, principalmente para as mulheres – elas costumam ser mais observadoras – por isso vale entender o que o corpo diz. Segue abaixo alguns exemplos de expressão corporal utilizados na pantomima.

Sinal de franqueza: Mãos espalmadas para cima, pode vir com braços abertos;

Sinal de autoridade: Mãos espalmadas para baixo (lembra do gesto de Hitler?), ou dedo apontado;

Em desacordo ou insegurança: Braços cruzados ou coçar/bater na cabeça ou pernas cruzadas;

Atitude hostil: Braços cruzados fortemente com punhos cerrados;

Resistente: Braços cruzados com as mãos agarrando os braços;

Confiante, porém defensivo: Braços cruzados com os polegares para cima;

Nervosismo: mexendo no punho da camiseta, na bolsa, no relógio, enfim, em algum lugar que possa formar uma barreira entre o mundo exterior e o pantomímico;

Pessoa aberta: Braços paralelos apontando para frente;

Pessoa fechada: braços sobrepostos, cruzando-se, criando uma barreira;

Pessoa tomando decisão: Alisar o queixo;

Pessoa neutra: pernas (em pé ou sentado) em posição de sentido, retas e juntas;

Homem dominador: Pernas abertas;

Pessoa emocionalmente retirada (“no mundo da lua”): Pernas e braços cruzados ao mesmo tempo;

Homem competitivo: Pernas cruzadas com os tornozelos sobre o joelho;

Pessoa reprimida: tornozelos trançados (homem com joelhos afastados, mulheres com joelhos abertos);

Preparado para uma atitude ofensiva ou de ataque: Mãos sobre a cintura;

Se achando “o macho”: Postura de caubói, isso é, polegares enfiados no cinto, ou no alto dos bolsos;

Controlador ou manipulador: Montar na cadeira, isso é, virar a cadeira, sentar e manter as costas da cadeira na sua frente, apoiando o braço. Sentar ao contrário;

Confiante, pessoa que acha que tem o segredo do sucesso: Catapulta, ou seja, mãos na nuca da cabeça, sentado com as pernas cruzadas com o tornozelo sobre o joelho;

A postos: sentado, inclinar-se para frente com as mãos no joelhos;

Fumante confiante, superior, positivo: Baforada para cima;

Fumante negativo, reservado, desconfiado: Baforada para baixo;

Pessoa que usa óculos e quer ganhar tempo: Um braço da armação na boca;

Pessoa intimidadora que usa óculos: Olhar por cima dos óculos.


2.5.7 6 Música

Nem toda pantomima deve ter música, mas em diversos casos ela é utilizada para pontuar e acompanhar os sentidos despertando emoções nos espectadores de acordo com o objetivo da peça. É praxe utilizar músicas que sejam ricas em recursos para os movimentos, se movimentar no ritmo da música é muito interessante, pois realça os movimentos. Mas, claro dependerá do contexto cênico da pantomima em questão seja ela cômica, dramática ou mesmo abstrata.

2.5.8 Romance

O romance é um gênero da literatura. Herdeiro da epopéia, é tipicamente um gênero do modo narrativo, assim como a novela e o conto.

A diferença entre romance e novela não é clara, mas costuma-se definir que no romance há um paralelo de várias ações, enquanto na novela há uma concatenação de ações individualizadas. No romance uma personagem pode surgir em meio a história e desaparecer depois de cumprir sua função. Outra distinção importante é que no romance o final é um enfraquecimento de uma combinação e ligação de elementos heterogêneos, não o clímax.

Há de notar que o romance tornou-se gênero preferencial a partir do Romantismo, por isso ficando o termo romance associado a estes. Entretanto o realismo teria no romance sua base fundamental, pois apenas este permitia a minúcia descritiva, que exporia os problemas sociais.

2.5.8.1 História

Considera-se que o romance nasceu no início do século XVII, sendo o precursor deste gênero o Dom Quixote de La Mancha. Na tentativa de parodiar a novela de cavalaria, Miguel de Cervantes não só escreveu um dos grandes clássicos da literatura, como ajudou a firmar as pernas daquele que viria substituir a epopéia, gênero que agonizava e desapareceria no século XVIII, com o advento da era industrial. O romance é, portanto, a epopéia burguesa moderna, segundo Hegel.

2.5.8.2 Grandes romances da literatura mundial

1600: Dom Quixote, de Miguel de Cervantes

1726: As viagens de Gulliver, de Jonathan Swift

1760: Tristram Shandy, Laurence Sterne

1762: Nouvelle Héloïse, de Jean-Jacques Rousseau

1774: Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe

1796: Jacques o Fatalista, de Denis Diderot

1813: Orgulho e preconceito, de Jane Austen

1819: Ivanhoé, de Walter Scott

1830: O vermelho e o negro, de Stendhal

1836: A voz do profeta, de Alexandre Herculano

1851: Moby Dick, de Herman Melville

1861: Grandes esperanças, de Charles Dickens

1862: Os miseráveis, de Victor Hugo

1865: O jogador, de Dostoiévski

1866: Crime e castigo, de Dostoiévski

1877: Anna Karenina, de Leon Tolstoi

1881: Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis

1888: Os Maias, de Eça de Queiroz

1889: Dom Casmurro, de Machado de Assis

1912: O Bravo Soldado Chveik, de Jaroslav Hasek

1938: Vidas secas, de Graciliano Ramos

1939: O Senhor dos Anéis , de J.R.R.Tolkien

1949: 1984, de George Orwell

1955: Lolita, de Vladimir Nabokov

1956: Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa

1967: Cem anos de solidão, de Gabriel García Márquez

1983: A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera

1991: O Evangelho segundo Jesus Cristo, de José Saramago

1995: Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago

2.5.9 Tragicomédia

2.5.9.1 Na Antiguidade Clássica

Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), no primeiro capítulo da Poética (1,6), faz uma aproximação entre a tragédia e a comédia, mostrando que ambas se servem dos mesmos meios - mesmos ritmos, cantos e metros. Mas é provável que Plauto (254 a.C.-184 a.C.) tenha sido o primeiro a empregar a palavra "tragicomédia" definindo-a como um gênero híbrido de comédia e tragédia, conforme explica através do personagem Mercúrio, no prólogo, de sua peça Amphitryon:

"O que é isso? Vocês franziram a testa porque eu disse que ia ser uma tragédia? Sou um deus, e posso mudá-la; se vocês quiserem farei da tragédia uma comédia, com os mesmos versos, todos eles. Querem que seja assim ou não? Mas que bobo que eu sou! Como se eu não soubesse o que vocês querem, eu que sou um deus! Sei o que existe na cabeça de vocês a respeito disso. Vou fazer com que seja uma peça mista: com que seja uma tragicomédia porque não acho certo que seja uma comédia uma peça em que aparecem reis e deuses. O que vou fazer, então? Como também um escravo toma parte nela farei que seja, como já disse, uma trágico-comédia." (PLAUTO, Amphitryon, 52-63).[1]

Essa mistura ou alternância de estilos ocorre em várias peças gregas e romanas, como o Alceste [2] de Eurípides (c. 485 a.C.-406 a.C.), que, em razão do seu "final feliz" e pelo tom levemente humorístico de algumas passagens, é vista por alguns eruditos como um drama satírico ou uma tragicomédia - mais do que como uma tragédia.

2.5.9.2 No teatro elisabetano

A mistura de gêneros foi também adotada durante o Renascimento inglês, pelo teatro elisabetano. Algumas peças de Shakespeare (1564 -1616), como A Tempestade e O Rei Lear, têm muito de tragicomédia, sendo que a ironia e a comicidade contribuem para a maior riqueza de significados do texto.

2.5.9.3 No teatro francês

Na França, o termo foi introduzido pelo dramaturgo Robert Garnier (1545-1590). No início do século XVII, esse tipo de teatro era moda, mas o estilo ainda não estava claramente definido. Pouco a pouco, entretanto, os autores foram submetendo suas peças às regras do teatro clássico. Entre os clássicos franceses do século XVII (Molière, Corneille, Racine), designava uma historia trágica com desfecho feliz. Todavia, o gênero nem sempre agradou o público. "El Cid" de Corneille, por exemplo, teve que ser reescrita para se transformar em uma tragédia, depois que a primeira versão recebeu numerosas críticas desfavoráveis.

Victor Hugo, com seu drama romântico tentou impor uma escrita que se situava entre o sublime e o grotesco, mas não teve muito êxito. Somente no século XX, com o teatro do absurdo, o público começaria a aceitar que o riso não necessariamente exclui a profundidade dramática.

2.5.10 Marioneta

"Boneco de fio" ou "marioneta" (em Portugal), "marionete" ou "fantoche" (no Brasil), origina-se do termo marionette [do francês]. Boneco (pessoa, animal ou objeto animado) movido por meio de cordéis manipulados por pessoa oculta atrás de uma tela, em um palco em miniatura. Constitui-se numa forma de entretenimento para adultos e crianças.

2.5.11 Teatro de máscara

Todo o objecto que se coloca em frente à face, escondendo-a, em vários contextos, como, por exemplo, no Carnaval e em certas obras teatrais. Para muitos povos, as máscaras são consideradas objectos mágicos, dando aos seus utilizadores poderes especiais. As máscaras são ainda usadas em todo o tipo de rituais iniciáticos e outros, possuindo um simbolismo muito complexo, diferente de sociedade para sociedade. As máscaras fúnebres, usadas em muitas civilizações em pessoas normalmente de certa importância, pretendem conservar a imagem do defunto, representando uma certa ideia de permanência. À máscara associa-se normalmente esta ideia de permanência, mas também de esconderijo da pessoa e de identificação com aquilo que pretende representar, sendo esta última ideia a que subjaz à máscara teatral.

No teatro grego, a máscara servia para dar aos actores a sua personagem, a sua persona (= máscara). As máscaras eram tipificadas, correspondendo a um tipo de personagem pré-determinado, tendo também expressões faciais imutáveis que indicavam o destino último da personagem. Escondendo o rosto, os actores representavam usando apenas o tom de voz e o gesto. Ao longo do desenvolvimento do teatro, as máscaras foram sendo abandonadas, embora haja casos de reaparição, como na Commedia dell’Arte italiana. As máscaras cómica e trágica do teatro grego ainda hoje representam, em conjunto, o teatro: afinal, os actores, ao assumirem uma personagem, estão ainda a colocar uma máscara sobre si mesmos. De certa forma, a maquilhagem e o guarda-roupa mantém a ideia de máscara, ou seja, de substituição da pessoa do actor por uma persona durante o tempo que dura a representação. Ainda hoje, a máscara strictu sensu é usada em teatros de civilizações distintas da ocidental.

Na literatura em geral, a máscara, para além de tema de variados contos, romances e peças, é usada como símbolo da assumpção duma identidade diferente da original ou como símbolo do esconder dessa mesma identidade (lembremo-nos apenas das máscaras dos super-heróis da banda desenhada, que não só assumem uma identidade diferente usando máscaras, como escondem a anterior, mantendo-as separadas). Aliás, as palavras pessoa e personagem têm como base a palavra persona, máscara em grego. O termo persona designa hoje, tecnicamente, a personagem criada pelo autor para a criação poética e para as narrativas na primeira pessoa, lembrando que o autor no texto é sempre uma máscara, uma criação, mesmo quando o autor pretende identificar o narrador consigo próprio. Qualquer personagem numa obra é sempre descendente da máscara grega, é sempre uma construção duma identidade outra.


2.5.12 Vaudeville

Vaudeville foi um gênero de entretenimento de variedades predominante nos Estados Unidos e Canadá do início dos anos 1880 ao início dos anos 1930. Desenvolvendo-se a partir de muitas fontes, incluindo salas de concerto, apresentações de cantores populares, "circos de horror", museus baratos e literatura burlesca, o vaudeville tornou-se um dos mais populares tipos de empreendimento dos Estados Unidos. A cada anoitecer, uma série de números eram levados ao palco, sem nenhum relacionamento dire(c)to entre eles. Entre outros, músicos (tanto clássicos quanto populares), dançarina(o)s, comediantes, animais treinados, mágicos, imitadores de ambos os sexos, acrobatas, peças em um único a(c)to ou cenas de peças, atletas, palestras dadas por celebridades, cantores de rua e filmetes.

2.5.13. Performance

A performance, art performance ou performance artistística é uma modalidade de manifestação artística interdisciplinar que - assim como o happening - pode combinar teatro, música, poesia ou vídeo. É característica da segunda metade do século XX, mas suas origens estão ligadas aos movimentos de vanguarda (dadaísmo, futurismo, Bauhaus, etc.) do início do século passado.

Difere do happening por ser mais cuidadosamente elaborada e não envolver necessariamente a participação dos espectadores. Em geral, segue um "roteiro" previamente definido, podendo ser reproduzida em outros momentos ou locais. É realizada para uma platéia quase sempre restrita ou mesmo ausente e, assim, depende de registros - através de fotografias, vídeos e/ou memoriais descritivos - para se tornar conhecida do público.

2.5.13.1 Origem

A performance foi introduzida nos anos 1960, pelo grupo Fluxus e, muito especialmente, através das obras de Joseph Beuys. Numa de suas performances, Beuys passou horas sozinho na Galeria Schmela, em Düsseldorf, com o rosto coberto de mel e folhas de ouro, carregando nos braços uma lebre morta, a quem comentava detalhes sobre as obras expostas.

Em alguns momentos, as performances de outros artistas tiveram ligação direta com as obras de body art, especialmente através dos Ativistas de Viena, no final da década de 1960.


3. LITERATURA INFANTO-JUVENIL


A literatura infanto-juvenil é um ramo da literatura, dedicada especialmente às crianças e jovens adolescentes. Nisto se incluem histórias fictícias infantis e juvenis, biografias, novelas, poemas, obras folclóricas e/ou culturais, ou simplesmente obras contendo/explicando fatos da vida real (ex: artes, ciências, matemática, etc).

Naturalmente, o conteúdo dentro de uma obra infanto-juvenil depende da idade do leitor; enquanto obras literárias destinadas a crianças de dois a quatro anos de idade são quase sempre constituídas de poucas palavras e são muito coloridas e/ou possuem muitas imagens e fotos, obras literárias destinadas ao jovem adolescente muitas vezes contêm apenas texto

3.1 Literatura Infantil

A literatura infantil é destinada especialmente às crianças entre dois a dez anos de idade. O conteúdo de uma obra infantil precisa ser de fácil entendimento pela criança que a lê, seja por si mesma, ou com a ajuda de uma pessoa mais velha. Além disso, precisa ser interessante e, acima de tudo, estimular a criança. Os primeiros livros direcionados as crianças foram feitos por professores e pedagogos no final do século XVII, com o objetivo de passar valores e criar hábitos. Atualmente a literatura infantil não tem só este objetivo, hoje também é usada para propiciar uma nova visão da realidade, diversão e lazer. Obras literárias destinadas às crianças com dois a quatro anos de idade possuem apenas grupos de palavras e/ou poucas e simples frases. Aqui, livros são coloridos e/ou possuem muitas imagens e/ou fotos, tanto porque criança está apenas começando a aprender a ler, bem como estimula a criança por mais livros/histórias. Livros dedicados a leitores entre quatro a seis anos apresentam maiores grupos de palavras organizados em um texto, sem abrir mão de estímulos visuais mencionados acima. Aqui podem ser incluídos algumas histórias em quadrinhos, como a Turma da Mônica, por exemplo. Já obras literárias feitas para crianças entre sete a dez anos começam a possuir cada vez menos cores e imagens, e apresentando textos cada vez maiores e fatos cada vez mais complicados e explicativos, uma vez que o jovem leitor, agora já em fase escolar, é estimulado a encontrar respostas por ele mesmo - o começo da racionalização.

Quase toda obra literária infantil possui algumas características em comum, embora exceções existam:

ausência de temas adultos e/ou não apropriados a crianças. Isto inclui guerras, crimes hediondos e drogas, por exemplo;

são relativamente curtos - não possuem mais do que 80 a 100 páginas;

presença de estímulos visuais (cores, imagens, fotos, etc);

escrito em uma linguagem simples, apresentando um fato ou uma história de maneira clara;

são de caráter didático, ensinando ao jovem leitor regras da sociedade e/ou comportamentos sociais;

possuem mais diálogos e diferentes acontecimentos, com poucas descrições;

crianças são os principais personagens da história;

possuem um final feliz.



3.2 Literatura Juvenil

A literatura juvenil é um ramo da literatura dedicada a leitores entre dez a quinze anos de idade. Fatos comuns a obras literárias juvenis em geral incluem:

geralmente, apresentam temas de interesse ao jovem adolescente, muitas vezes controversos, como sexo, violência, drogas, relacionamentos amorosos, etc;

personagens, especialmente protagonistas, da mesma faixa etária dos leitores;

podem possuir imagens e fotos, mas não necessariamente; são basicamente constituídas de texto;

obras literárias juvenis geralmente apresentam um número maior de páginas, podendo alcançar 200 a 300 páginas em vários casos

3.3 Obras Infanto-Juvenis Famosas:

A Bela e a Fera

Diário da Princesa

Harry Potter

Crepúsculo

O Jardim Secreto

O Mágico de Oz

Pinóquio

Senhor dos Anéis

As Crônicas de Narnia

Fronteiras do Universo

Alice no País das Maravilhas

Sítio do Picapau Amarelo

Desventuras em serie

Deltora Quest

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